Transgênicos confrontam Rigotto e Lula
2004-09-30
Distribuída na terça-feira à noite, uma nota do governo do Estado sobre a medida provisória da soja transgênica deu origem a pesadas críticas da Presidência da República ao Piratini. Os porta-vozes foram ministros gaúchos, incumbidos de transmitir ontem à noite o sentimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No final da tarde, Lula requisitou os dois ministros a responderem ao comunicado emitido no dia anterior no Rio Grande do Sul. Antes de delegar a tarefa, o presidente queria uma avaliação. Perguntara ao ministro Rossetto se tinha lido uma nota dura contra o governo em relação à soja transgênica. Diante da resposta positiva, pediu que o ministro respondesse ao documento assinado pelo governador em exercício, Antonio Hohlfeldt.
- Fala lá. Esclarece a nossa posição - disse Lula ao ministro Rossetto, por telefone, por volta das 18h.
Na rápida conversa, Lula não orientou o tipo de defesa a ser feito por Rossetto. O contato com ZH ocorreu às 18h30min, e o ministro evitou qualquer ataque ao governador Germano Rigotto, se limitando a defender a posição do governo (ou suas, como no caso do texto da Lei de Biossegurança aprovada na Câmara Federal). Perguntado se a relação entre Lula e Rigotto tinha sofrido um abalo, negou. Destacou que o entendimento entre os dois governantes continua amistoso e cordial. Pouco antes, o ministro da Educação entrara em contato com ZH e emitira uma nota em tom mais duro. — A nota do governo do Estado é desrespeitosa e viola a relação de diálogo que tinha se estabelecido entre os governos estadual e federal, repassou por telefone, dizendo estar falando em nome do presidente. — Em nenhum momento o presidente afirmou que editaria uma medida provisória, e sim que estudaria a possibilidade e envidaria todos os esforços para resolver a situação, acrescentou Tarso, que estava em Porto Alegre. Redigido e assinado pelo vice-governador Antonio Hohlfeldt, o texto manifestava o desagrado do governo estadual com as declarações do presidente, que descartou uma MP para o plantio de transgênicos nesta safra. Governador desconhecia o conteúdo do documento assinado pelo vice Pivô da discussão, o documento foi idealizado pelo chefe da Casa Civil, Alberto Oliveira, que telefonou a Hohlfeldt sugerindo a manifestação do governo do Estado. Na conversa, os dois definiram o conteúdo da nota, redigida de próprio punho por Hohlfeldt no final da tarde e, após revisão de sua assessoria, distribuída aos veículos de comunicação à noite.
Rigotto desembarcou na Capital no final da manhã, pouco antes de o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) afirmar, na sede da entidade, que os produtores não esperarão pela lei para plantar soja transgênica. O governador convocou, para o final da tarde, uma entrevista coletiva em seu gabinete na qual declarou-se surpreso com o anúncio do governo federal e lembrou que ouviu do próprio presidente Lula que não deixaria os produtores mal.
Mais tarde, por volta das 19h30min, a assessoria de imprensa do Piratini enviou à imprensa um resumo da coletiva sob o título Rigotto vai mobilizar senadores pela votação do projeto de Lei de Biossegurança. (ZH/12)