Faltou monitoramento de vizinhos das áreas contaminadas
2004-09-29
A titular da Superintendência Leide das Neves, Maria Paula Curado, que também é a coordenadora de Registro de Câncer de Base Populacional do Ministério da Saúde, em Goiânia, concorda que os vizinhos das áreas contaminadas que estão sendo visitadas pela Associação das Vítimas do Acidente com o Césio deveriam ter sido monitorados desde a época em que aconteceu o acidente, em 1987. Contudo, ela afirma que essa identificação, embora importante, não significa estabelecer correlação com os efeitos do Césio. Curado justifica que, sem as dosimetrias – doses de radiação medidas na época –, não há como estabelecer o vínculo com o Césio. Isto porque, de acordo com ela, outros fatores poderiam interferir como causa das doenças, como a radiação ultravioleta ou o tabagismo. Segundo ela, nem mesmo se o núcleo de pessoas vizinhas fosse comparado com um núcleo de pessoas não-vizinhas das áreas atingidas, esse parâmetro seria recomendado tecnicamente. Curado ressalta que o tempo para o efeito do Césio diminuir
no meio ambiente é de 33 anos, mas, no ser humano (latência) isso depende da dose. — O risco avança se a dose for maior, podendo chegar a 30 anos, informa. Até há bem pouco tempo, a latência para doenças resultantes do contato com a radiação pelo Césio 137 era calculada em 15 anos. A coordenadora afirma que o registro de casos de câncer em Goiânia está dentro dos parâmetros de outras cidades brasileiras com as mesmas características. Esses registros, segundo ela, são os únicos do país aceitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).