Antigos moradores não estão recebendo acompanhamento de saúde
2004-09-29
O promotor Marcus Antônio Ferreira, que acompanha as investigações sobre as vítimas do acidente com o Césio 137, em Goiânia, sustenta que é necessário considerar o
levantamento da Associação das Vítimas, mesmo tendo este sido realizado de forma amadora à míngua das estruturas de governo, como afirma ele. O motivo é a existência
concreta de antigos moradores da área com doenças que não são objeto de acompanhamento, além de duas notas técnicas do Ministério da Saúde, de dezembro de 2001 e de maio de 2004. Na primeira nota, o Ministério se baseia em estudos da própria Superintendência Leide das Neves (Suleide), instituição criada em função das vítimas, logo após o acidente, sobre incidência de câncer entre os radioacidentados. Os estudos demonstravam que, no grupo diretamente exposto ao Césio, a incidência de casos de câncer, até 2001, era de 5,4 a 3,3 vezes maior do que a encontrada na população masculina e feminina de Goiânia, respectivamente. Além das 621 pessoas reconhecidas como expostas ao Césio, os Ministérios Público Estadual e Federal e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) têm sido informados de que existem outras pessoas também expostas ao Césio 137, diz o texto de abertura da segunda nota técnica do Ministério da Saúde (nota número 053), de maio deste ano. Ela reafirma o texto da nota de 2001 e uma série de recomendações já dadas e não-cumpridas – como o estudo populacional (pesquisa) – ou inconclusas, como o Monitoramento da Coorte Populacional Exposta ao Césio com
base no histórico dos radioacidentados repassado pela Suleide à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os resultados desse monitoramento deveriam ter sido mostrados durante um
seminário organizado pela Suleide em Goiânia na quinta (23/09) e sexta-feira (24/09) da semana passada , mas ele foi adiado pelo Ministério da Saúde.