Ministério Público de Goiânia reabre investigações sobre Césio 137
2004-09-29
Muitos fatos não foram esclarecidos sobre o acidente com a cápsula de Césio 137 ocorrido em Goiânia há 17 anos. A responsabilidade do governo e o envolvimento de trabalhadores nos trabalhos de remoção das pessoas atingidas pela radioatividade, bem como de escombros, são um ponto cinzento desta história. Em 2003, na última edição do Fórum Social Mundial realizada em Porto Alegre, um grupo de profissionais do Conselho de Psicologia trouxe à capital gaúcha uma das vítimas, Odesson Ferreira, além de um promotor e um jornalista que acompanham o caso. O jornalista, Weber Borges, exibiu um vídeo documentando doenças em pessoas que ajudaram nos trabalhos de remoção de escombros – entre elas, um policial militar, que apareceu doente no vídeo, com tumor cerebral. Borges denunciou que o pessoal da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), na época, nada ou quase nada fez para esclarecer fatos e responsabilizar pessoas. O então presidente, José Sarney, limitou-se a visitar Goiânia, algum
tempo depois. Agora, o Ministério Público está reabrindo investigações, com a ajuda dos próprios radioacidentados. Pessoas entrevistadas pela Associação das Vítimas do Acidente com o Césio estão sendo ouvidas no Ministério Público Estadual (MPE) pelo coordenador da área de Defesa do Cidadão, Marcus Antônio Ferreira Alves. Os
depoimentos farão parte de um inquérito já em andamento. O processo já implicou o reconhecimento do direito de centenas de pessoas que trabalharam na descontaminação das áreas atingidas pelo acidente com o césio ou que são parentes de radioacidentados que conviveram de perto com o problema e não constavam das listas de pessoas expostas, a exemplo dos vizinhos da Associação das Vítimas.