Área em Viamão abriga 3t de lixo hospitalar
2004-09-27
A convivência com 3 toneladas de lixo hospitalar abandonado há cinco anos é o drama de famílias do bairro Passo do Feijó, em Viamão. Em uma área de 400m² estão estocados em galpões destelhados e paredes semiderrubadas, milhares de seringas com agulhas, frascos de remédios usados e restos de objetos cirúrgicos podem ser encontrados ao ar livre e em meio a vegetação alta e ratazanas. —Cansamos de denunciar. Meus filhos já ficaram doentes após brincarem por aqui—, contou um dos moradores das proximidades. Pai de seis filhos, disse que bombonas contendo material desconhecido estariam enterradas na área, situada a pouco mais de 200m de águas do Arroio Passo do Vigário. Outro morador desconfia que a água dos poços artesianos pode estar contaminada.
O depósito é alvo de disputas judiciais desde o início da década de 90 entre a Prefeitura de Viamão, o Ministério Público (MP) e a empresa responsável pela área. Após ser autuada pela Fepam e pela prefeitura por uso de alvará indevido e crime ambiental, a empresa lacrou suas portas em 1999. Com liberação para fabricação de incineradores, queimava o lixo hospitalar de forma artesanal no forno de uma chaminé de 15m existente no terreno. —Mesmo fechada, continuou recebendo, acondicionando e incinerando resíduos hospitalares até 2000 sem controle ambiental—, disse o biólogo Cristiano Machado da Silva, do Departamento de Meio Ambiente da Secretaria do Planejamento de Viamão. Segundo ele, a empresa mudou a razão social quatro vezes nos últimos anos e recolheria o lixo hospitalar em mais de 60 municípios do RS.
A juíza Fabiana dos Santos Kaspary, da 2ª Vara Cível de Viamão, deu parecer favorável, 5ª-feira, à remoção de resíduos pela prefeitura e deferiu a quebra do sigilo bancário da empresa. O Executivo pediu a disponibilidade do terreno para ressarcimento dos custos da operação, ainda não orçados e sem data para ocorrer. Porém, uma ação trabalhista de ex-funcionários da empresa impede o repasse. (CP, 25/09)