Pesquisa aponta para desaparecimento das geleiras dos Andes
2004-09-24
A aceleração do degelo nas geleiras nos Andes tropicais, observada há trinta anos e provocada particularmente pelo fenômeno El Niño, poderia levar ao desaparecimento da maior parte delas nos próximos 10 ou 15 anos. A previsão foi feita por três instituições: Instituto para a Pesquisa e o Desenvolvimento (IRD), Instituto Hidráulico e de Hidrologia (IHH) da Bolívia e Instituto Nacional de Meteorologia e de Hidrologia (INAMHI) do Equador. As observações para o estudo ocorrem desde 1991 numa dezena de geleiras ao longo dos Andes. Os cientistas observaram duas geleiras representativas da região: Antizana, que chega a 5.670 m de altitude, no Equador; e Chacaltaya, que chega a 5.375 m, na Bolívia. Ao contrário das geleiras alpinas, que experimentaram um longo período de acúmulo no inverno e um breve período de degelo superficial no verão, as tropicais estão permanentemente submetidas a um regime de perdas em sua parte inferior, que avança ao nível máximo de outubro a abril. Essa é a época em que coincidem o maior aquecimento do sol e as precipitações máximas. Durante o El Niño, as precipitações se reduzem entre 10% e 30% e o aquecimento do ar aumenta de 1º a 3º C . Ao contrário, durante o fenômeno La Niña, a atmosfera mais fria e as precipitações abundantes garantem a formação de uma capa de neve protetora das geleiras. Como o El Niño ficou mais freqüente desde 1976, o déficit médio anual da Chacaltaya dobrou de 1983 até 2003, chegando a 1,2 metro. Neste ritmo, os cientistas advertem que poderia desaparecer antes de 2015. (FSP 23-09)