Geleiras da Antártida estão derretendo muito rapidamente
2004-09-24
O rompimento de uma imensa represa de gelo na Antártida, em 2002, está fazendo com que geleiras da região acelerem seu escoamento para o mar. O problema foi detectado ao mesmo tempo por dois grupos independentes de cientistas, e é mais um indicativo forte do impacto do aquecimento global nas zonas polares. Dois estudos realizados por pesquisadores da Argentina, do Chile e dos EUA com base em dados de satélite e publicados quarta-feira (22/09) mostram que quatro rios de gelo que desembocavam na plataforma Larsen B, na península Antártica, aceleraram seu fluxo em até oito vezes desde que a plataforma se desintegrou, em março de 2002. Os cientistas afirmam que a Larsen B, uma língua de gelo flutuante duas vezes maior que a cidade de São Paulo, represava as geleiras, contendo seu escoamento. As geleiras, cujo fluxo total é de 27 quilômetros cúbicos (ou 23 trilhões de litros) por ano, também estão ficando mais finas, o que significa que algo está causando seu derretimento. A região da península Antártica, uma das áreas mais sensíveis da Terra ao aquecimento global, já esquentou 3C nos últimos 50 anos (a média do planeta foi 0,6C). Estima-se que a península já tenha perdido 7% de sua cobertura de gelo. O derretimento de geleiras continentais é um dos fatores que contribuem para a elevação no nível do mar, hoje em torno de 2 milímetros por ano. Em um artigo que escreveram para o Geophysical Research Letters, os pesquisadores afirmam que as medidas que efetuaram através de satélites sugerem que este fenômeno climático pode rapidamente elevar o nível do mar. Muitos grupos de pesquisadores estão de olho em partes da Antártida onde geleiras estão descongelando de modo contínuo. Grandes blocos de gelo desintegraram-se da Península Antártica em 1995 e 2002, como resultado do aquecimento global. No entanto, essas desintegrações e derretimentos não haviam afetado o nível dos mares quando ocorreram. Mas atualmente os cientistas estao estimando que, até 2100, essa elevação irá destruir regiões costeiras, com prejuízo a cidades como o Rio de Janeiro e Nova York. Segundo o glaciologista Robert Thomas, da Nasa (agência espacial dos EUA) e do Centro de Estudos Científicos de Valdívia, Chile, co-autor de um dos estudos que saíram na revista Geophysical Review Letters (www.agu.org/journals/gl), os estudos mostram de forma contundente que a Antártida responde rápido ao aquecimento global. — O oceano mudou naquela região e causou o colapso da plataforma, disse. — A Larsen B quebrou em apenas duas semanas. (FSP, CNN 23/09)