Mais um sinal da Rússia em relação a Kyoto. Será desta vez?
2004-09-24
A assinatura do Protocolo de Kyoto tornou-se um ponto e impasse na política externa da Rússia. Responsável por 17,1% das emissões de dióxido de carbono, um dos gases estufa que mais contribui para o aquecimento global. O país está desde 2002 indeciso sobre assinar ou nao o documento. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou a assumir o compromisso de referendar o Protocolo, mas nunca efetivou a assinatura, ao mesmo tempo em que diversos assessores do governo falavam na inviabildade do tratado para a economia do pais. Em setembro de 2002, no auge da Conferência Mundial de Meio Ambiente, realizada em Johannesburgo, Putin chegou a anunciar a intenção de ratificar Kyoto, mas não fixou qualquer data. Um ano mais tarde, Putin recuou, prometendo apenas analisar minuciosamente a questão e tomar uma decisão em conformidade com os interesses nacionais da Rússia. Ontem (23/09), no entanto, o governo russo acenou com nova possibilidade de ratificação, ao enviar, a cinco ministérios, um dossiê com documentos relativos à assinatura do acordo. A expectativa é grande, pois a entrada em vigor do tratado está dependente da ratificação russa. O dossiê foi enviado para os ministérios dos Recursos Naturais, Desenvolvimento Econômico, Indústria e Energia, Finanças e Justiça, anunciou a porta-voz do Ministério dos Recursos Naturais, Rinat Guizatouline. Segundo ela, o ministério considera que a ratificação do Protocolo de Kyoto não causará qualquer prejuízo à Rússia. O Ministério do Desenvolvimento Econômico já fez saber que é favorável à ratificação, conforme um porta-voz. Se todos os ministérios implicados derem a sua luz verde, os documentos serão enviados à Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. Até mesmo o presidente da WWF na Rússia, Alexeï Kokorine, comemorou a sinalização, dizendo que este é um passo extremamente importante. Mas os peritos frisam que o processo ainda não terminou. Enquanto Vladimir Putin não anunciar oficialmente o envio do projeto para a Duma e não avançar com uma data para a ratificação, pode haver um recuo. No interior do governo ainda há vozes críticas, a começar por Andreï Illarionov, conselheiro para os assuntos econômicos de Putin.