Madeireiros peruanos invadem o Brasil, pelo Acre, atrás de madeiras nobres
2004-09-22
Depois de esgotar as reservas de madeiras de lei na região próxima à fronteira, madeireiros peruanos estão invadindo o território brasileiro e desmatando porções da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, no Acre. A denúncia foi feita por lideranças Ashaninkas recebidas hoje pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em março deste ano, foram expulsos do país 30 madeireiros que levavam para o Peru toras de mogno e operavam com o uso de maquinário de grande porte, além de armas de fogo de grosso calibre para intimidar os índios. Os madeireiros peruanos contruíram, inclusive, uma estrada circundando a fronteira brasileira para facilitar a extração ilegal de árvores. —Precisamos de apoio para nos defender e também para continuar nosso trabalho, ajudando outras comunidades a preservar—, disse o cacique Moisés Piyãko Ashaninka.
Os Ashaninkas representam uma população de cerca de mil pessoas no Brasil e mais de 55 mil no Peru. Na Terra Indígena Kampa vivem cerca de 500 pessoas. A área fica no extremo oeste do Acre, a cerca de quatro horas de barco de Marechal Thaumaturgo, a treze quilômetros da fronteira com o Peru e a 850 quilômetros da capital Rio Branco. A terra faz divisa com a Reserva Extrativista do Alto Juruá e com um assentamento do Incra. Ao norte e ao sul faz divisa com o Peru. A demarcação da área, com mais de 87 mil hectares, aconteceu em 1994. A invasão e o desmatamento ilegal têm provocado contaminação de rios e declínio no número de espécies, caçadas pelos madeireiros, além de intensa preocupação para os Ashaninkas. Desde então, os Ashaninkas (a palavra significa gente, seres humanos) vêm desenvolvendo trabalhos para fortalecer a cultura, a arte e a gestão dos recursos naturais. (Eco Agência, 21/09)