TERMELÉTRICAS PODEM SALVAR O GOVERNO, MAS GERAM PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA
2001-08-23
Para remediar uma crise resultante do mau planejamento de energia, o governo federal está criando novos problemas, desta vez à saúde pública e ao meio ambiente. É o que dizem técnicos de universidades paulistas sobre a instalação de termelétricas movidas a gás natural. Tido como energia limpa, o gás natural de fato tem larga vantagem sobre o óleo e o carvão usados em termelétricas e caldeiras industriais, e também sobre a gasolina e o diesel dos veículos, pois lança no ar resíduos menos poluentes. Porém, pode causar danos ambientais, como o enorme dispêndio de água no resfriamento de condensadores das usinas e a inevitável emissão de gases tóxicos na atmosfera, como o dióxido de enxofre, causador da chuva ácida, e óxidos de nitrogênio, que se convertem em ozônio em baixas altitudes, em determinadas condições de luminosidade. O Ibama anunciou um convênio com a Aneel para aprovar projetos já assinados pelo governo mas que não combinam com a necessidade de uma análise muito rigorosa na escolha do local e da forma de instalação das usinas. Além de alertar para os riscos ambientais, especialistas consideram um desperdício a transformação do gás natural em energia elétrica, quando seria possível alimentar diretamente aparelhos sem perdas nos processos. Eles defendem o gás natural como boa opção ambiental na substituição de lenha, carão vegetal, coque e óleo usados em indústrias. (Carta capital/39/22/8)