Jeanne matou mais de 600 pessoas no Haiti
2004-09-21
As inundações provocadas no Haiti pela tempestade tropical Jeanne deixaram mais de 600 mortos, informaram segunda-feira (20/09) a Missão das Nações Unidas para o Haiti (Minustah) e a Defesa Civil haitiana. Depois de atravessar uma parte do Caribe, Jeanne - a quarta grande tempestade tropical de verão na região após Charley, Frances e Ivan - se distanciou no domingo em direção ao Atlântico e se manterá sobre o mar nos próximos dias. No Haiti, o país mais afetado pela Jeanne: pelo menos 500 pessoas morreram por conta das inundacoes na região de Gonaïves (170 km ao norte de Porto Príncipe), segundo Toussaint Kongo-Doudou, porta-voz da Minustah. Kongo-Doudou informou outras 56 mortes na cidade de Port-de-Paix, no norte do país. Segundo a Defesa Civil haitiana, Jeanne deixou ainda 18 mortos em Chansolme (noroeste), 14 em Gros-morne, 9 em Pilate e 8 em Ennery (norte). Os danos materiais são elevados nas regiões inundadas, onde numerosas casas foram destruídas pela força das águas e por deslizamentos de terra. Milhares de pessoas foram retiradas de suas residências ao norte e a noroeste da ilha La Española, que faz parte da República Dominicana e do Haiti. A Minustah retomou seus vôos de helicóptero sobre Gonaïves para distribuir alimentos e medicamentos, assim como as equipes da ONG Médicos Sem Fronteiras. O primeiro-ministro interino do Haiti, Gerard Latortue, pediu ajuda internacional, dizendo que a área inundada é como um vasto mar. O premiê disse também que cerca de 80 mil pessoas estão sem comida ou água em Gonaives, que é a principal cidade na região atingida pelas chuvas.
Desmatamento como cúmplice
Uma tonelada de remédios será transportada para Gonaïves junto com água potável e alimentos a serem distribuídos pelo Programa de Alimentação Mundial (PAM) nas regiões afetadas, acrescentou o porta-voz. O Haiti, país mais pobre do continente americano, sofre um grave problema de desmatamento, que favorece as inundações. Chuvas torrenciais já haviam provocado em junho 1.220 mortes. O Centro Nacional de Furacões (NHC), com sede em Miami, na Flórida, estimou em seus últimos boletins que a tempestade Jeanne poderia voltar a recuperar força e converter-se em furacão. O presidente americano, George W. Bush, declarou no sábado situação de emergência em Porto Rico, uma decisão que permite liberar recursos federais com urgência. Nas últimas horas, a tempestade voltou a se fortalecer e virou um furacão, com ventos de 140 km/h com rajadas ainda mais fortes - mas meteorologistas acreditam que o Jeanne não representa mais perigo para regiões de terra firme. Segundo o NHC, uma quinta tempestade tropical, batizada Karl, está atualmente sobre o Oceano Atlântico. Localizada a cerca de 1.700 km a leste das Pequenas Antilhas, Karl se dirigiria a princípio para o nordeste, atingindo terra firme.(AFP, BBC 21/09)