Para a geógrafa Célia Alves Borges a principal causa da seca no MT é o mau uso do solo. Ela cita o caso do córrego do Pari como um exemplo dessa ação. O local teve seu entorno desmatado. Água? Só na época da chuva. O córrego fica em Várzea Grande e abastece o rio Cuiabá. O desmate da cabeceira do rio diminui a quantidade de água de chuva que ficaria retida entre folhas e galhos. Sem cobertura vegetal, a água cai, escorre rápido, não penetra no solo e não abastece o lençol freático.

—Os poros do solo são pequenos. Se a água não ficar retida não dá tempo de infiltrar—, explica. Além de reter água, as plantas contribuem com a manutenção dos rios porque as raízes deixam o solo fofo, facilitando a infiltração da água. Sem plantas, grama ou árvores, o solo fica exposto ao sol. O calor faz com que ele resseque e consuma água do lençol freático, que esgota suas reservas. Os córregos secos significam menos água chegando ao rio Cuiabá – o que pode gerar um fenômeno em cadeia: o solo passaria a absorver mais umidade do lençol freático que abastece o rio. (Diário de Cuiabá, 14/09)