Para ONU, proposta brasileira de acordo internacional é desenvolvimento social na prática
2004-09-14
O assessor especial da Organização das Nações Unidas (ONU), para questões relativas às Metas do Milênio, Jeffrey Sachs, disse ter ficado bastante interessado na proposta do governo brasileiro de formalizar um acordo internacional para que os investimentos em moradia e em saneamento básico sejam excluídos do conceito de dívida para o cálculo do superávit primário dos países pobres e em desenvolvimento.
A proposta foi apresentada pelo ministro das Cidades, Olívio Dutra, durante a abertura do II Forum Urbano Mundial, na Espanha. Sachs e Olívio Dutra estiveram reunidos nesta segunda-feira. Após o encontro, o representante da ONU disse que o assunto precisa ser examinado com mais cuidado, mas adiantou que a proposta é importante para um conjunto de países que enfrentam problemas semelhantes aos do Brasil. — É uma maneira de abordar o assunto do desenvolvimento social de maneira prática, destacou Sachs, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
Segundo o ministro Olívio Dutra, as delegações da Argentina, Uruguai, México, Índia e Tailândia também já manifestaram interesse pela proposta brasileira. “Resguardadas as peculiaridades de cada país, eles têm muitas semelhanças, como a urbanização violenta, a exclusão, a pobreza e as restrições na aplicação de recursos nas áreas de saneamento e moradia”, observou Dutra. Sachs elogiou as ações do Ministério das Cidades no Brasil. — Existe vontade política, destacou Sachs, salientando a importância de que essas ações representam estratégias de longo prazo.
Sachs também destacou a atuação da equipe conômica do governo e a iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de convovar um encontro entre líderes mundiais para debater o combate à fome, em Nova York, no próximo dia 20. — Neste momento, é importante que países como o Brasil tenham uma voz forte no cenário internacional, ressaltou o representante das Nações Unidas, que estará presente à reunião. Para ele, não é bom que a discussão sobre assuntos relacionados a meio ambiente e à pobreza sejam conduzidos somente pelos Estados Unidos e por outros países ricos. (Agência Brasil, 13/09)