Agência americana alerta para a volta do El Niño
2004-09-10
Em boletim publicado na madrugada desta sexta-feira (10/09) em sua página na internet, a Noaa (agência de oceanos e atmosfera dos EUA) anuncia o retorno do fenômeno El Niño --aquecimento periódico das águas do Pacífico. Em sua última análise mensal, o órgão norte-americano menciona que o mundo se encontra nos estágios iniciais de um novo El Niño, fraco em intensidade. Anomalias de temperatura superior a 0,5 graus Celsius estão sendo registradas pelo terceiro mês consecutivo no Pacífico equatorial e uma nova onda Kelvin (forçante do El Niño) já teria surgido. A Noaa estabelece o surgimento das condições de El Niño quando por três meses seguidos há uma anomalia superior a 0,5 graus Celsius no leste e centro do Pacífico equatorial central. Um episódio completo de El Niño somente é considerado se a anomalia permanecer por pelos menos cinco trimestres consecutivos. Ainda de acordo com a Noaa, a manutenção de águas frias na costa da América do Sul sugere que o episódio atual será, ao menos inicialmente, de fraca intensidade. Na análise do coordenador da Climatologia Urbana de São Leopoldo, meteorologista Eugenio Hackbart, não é possível ainda precisar quais serão as conseqüências do aquecimento no Oceano Pacífico no Rio Grande do Sul e no Brasil ao longo dos próximos meses. Conforme Hackbart, qualquer mudança mais expressiva no padrão das condições climáticas não deve ser sentida antes da segunda metade da primavera e, principalmente, do próximo verão e outono. Historicamente, o El Niño está associado a precipitações e temperaturas acima da média no sul do Brasil e seca no Nordeste.
O fenômeno
O El Niño tende a se desenvolver entre os meses de abril e junho, atingindo seu pico entre dezembro e fevereiro. O aquecimento dura de nove a 12 meses, ocorrendo em ciclos que variam de dois a sete anos.
O fenômeno acontece quando a temperatura da superfície do mar no oeste tropical do Oceano Pacífico é mais quente do que o normal. Os ventos predominantes no sentido leste-oeste cessam, o que contribui para o aquecimento das águas na porção ocidental do oceano. O fenômeno tem efeitos no clima, provocando nevascas e deslizamentos na América do Sul, seca na região meridional da África, uma fraca temporada de furacões no Atlântico e incêndios florestais na Indonésia. As alterações no clima são tão abruptas que as plantações e as migrações de peixes são afetadas, tendo um efeito dramático na vida humana. (FSP 10/09)