A Amazônia Continental será assunto da VIII Reunião de Ministros de Relações Exteriores de Países da Amazônia, no Palácio do Rio Negro, em Manaus, no próximo dia 14. Durante o encontro, será examinado o Plano Estratégico 2004-2012, que orientará as ações da secretaria-geral da Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia (OTCA). Como resultado da reunião, além da aprovação deste plano, os chanceleres elaborarão a Declaração de Manaus. Segundo a secretária-geral da OTCA, Rosalía Arteaga, entre os assuntos que a declaração deverá abordar, estão o fortalecimento político da organização, a segurança da Amazônia Continental e a questão do financiamento para projetos – recursos considerados fora dos US$ 2 milhões anuais que a organização recebe de cotas dos países-membros. — Com o fortalecimento político da organização buscamos mostrar a capacidade que a própria secretaria tem para realizar um trabalho mais eficiente na própria floresta. Além desse, a segurança é outro ponto que deve ser tratado. O Brasil está dando exemplo com os sistemas de proteção e vigilânica da Amazônia (Sipam/Sivam). Estes podem muito bem ser aproveitados pelos outros países, ressaltou.

Durante entrevista concedida no escritório permanente da OTCA no Brasil, Rosalía disse que os fundamentalismos não estão presentes na organização, que busca o desenvolvimento sustentável e a qualidade da vida das pessoas, bem como o tratamento adequado para os temas amazônicos. A troca de informações, segundo ela, é importante para todos. — Esses são temas importantes para a região, para a América e para o mundo inteiro. Não podemos esquecer que temos 20% da água doce e a maior biodiversidade no planeta, lembrou. Segundo a secretária-geral, a organização estuda medidas alternativas de sustentabilidade da região, que buscam evitar problemas como o desmatamento. São elas: o biocomércio, o ecoturismo e o pagamento de serviços ambientais. — Se pensarmos nisso, estamos dando alternativas válidas. Às vezes, certos ambientalistas esquecem que o ser humano é o principal elemento do meio ambiente. Se coloca na balança o custo-benefício de criar bois e o que significa o ecoturismo, sem dematamento, você descobre que o ecoturismo é muito mais sustentável economicamente, não só ambientalmente, destacou.

Segundo Rosalía, todos estes são fins práticos, que têm a ver com o trabalho que a organização já faz na região. Ela citou o combate à malária e um projeto de proteção de recursos hídricos que terá a parceria da Organização dos Estados Americanos (OEA). — Todos os anos, cada país realiza os seus próprios projetos mas se não têm a visão da região, não são muito efetivos. Como no tema dos recursos hídricos, em que os rios não tem fronteiras. Um rio que nasce na Cordilheira dos Andes, vai desembocar no Amazonas. Se é contaminado em cima, terá que ser tratado embaixo, disse Arteaga. Os países que fazem parte do tratado e que estarão representados por seus ministros de relações exteriores são Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O Tratado de Cooperação Amazônica foi assinado em 3 de julho de 1978 e, em 1995, os estados-membros deram início à formação da OTCA e de sua secretaria permanente, em Brasília. (Agência Brasil, 09/09)