Desmatamento acumulado na Amazônia Legal chega a 653 mil quilômetros quadrados
2004-09-10
Segundo levantamento do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, sediado em São José dos Campos, SP, o desmatamento acumulado na Amazônia Legal chega a 653 mil quilômetros quadrados, o que corresponde a 16% da floresta, considerando as perdas por derruba (legal e ilegal) e queimadas. Com base na comparação de imagens de satélite feitas entre agosto de 2002 e agosto de 2003, o Inpe calculou em 23,7 mil quilômetros quadrados do total desmatado no período. Nos últimos dois anos, a devastação na região atingiu área equivalente à de Alagoas e Sergipe, somadas. Motosserristas como Cara-Branca, apelido de Claudimar Souza Araújo, não têm nada a ver com isso. Eles não integram as estatísticas de desflorestamento do país. — Nós seguimos regras de manejo sustentável, justifica, endossado por Fogoió, líder da equipe, e Bicudo, encarregado da identificação das árvores na Fazenda Rio Capim, da Cikel, dona de uma das maiores áreas certificadas na Amazônia: 248 mil hectares em Paragominas, na divisa com Goianésia do Pará.
A empresa nasceu da coragem e tenacidade de Nelson Pereira Dias, o Nelson Baiano, ex-agricultor e pequeno cerealista em Martinópolis, SP. Desiludido com a inconstância na atividade e apostas erradas em pessoas e grãos, ele resolveu prospectar negócios no Norte do país lá pelos idos de 1970. Depois de muitas andanças, se encantou com Açailândia, no oeste do Maranhão, trouxe a esposa e os oito filhos de São Paulo, começou a mexer com a madeira e não parou mais.
O grupo Cikel dispõe de serrarias, laminadora, fábricas de compensado em Itinga, MA, e de pisos em Ananindeua, PA, 340 hectares plantados com 30 mil mudas de mogno africano e 210 mil de paricá, espécie nativa de grande potencial para laminados, e rebanho bovino de 2.500 cabeças – já foi maior, mas eles decidiram reduzir a atividade aos poucos. No total, explora 372 mil hectares sob práticas de sustentabilidade em quatro fazendas, três das quais arrendadas. Apenas a Rio Capim, propriedade da família, tem certificação florestal e certificação de cadeia custódica – no primeiro caso, trata-se de um mecanismo independente de auditoria com o objetivo de avaliar a qualidade do manejo florestal e da silvicultura em todas as áreas de mata do mundo, nativas e plantadas.
(Globo Rural, agosto/ 24)