População ainda sente os efeitos dos testes com bomba atômica em Idaho
2004-09-09
No final dos anos 50 e no início dos anos 60, no auge da Guerra Fria, moradores do sudoeste de Idaho pensavam ver, ocasionalmente, uma poeira sobre as suas pastagens e sobre seu gado. Alguns descreviam o mesmo fenômeno como sendo um pó cinza-esbranquiçado que parecia surgir não se sabe de onde. Embora eles não soubessem, o governo estava, naquela época, despejando cerca de 90 bombas nucleares em seu sítio de testes de Nevada. Não há dúvidas de que a população de Emmett, de 5,5 mil habitantes, e de outras cidades, em quatro condados de Idaho, estiveram expostas a elevados níveis de radiação devido à explosão de bombas atômicas a céu aberto, recebendo as maiores doses de radioatividade que estão relacionadas ao risco de desenvolvimento de câncer de tireóide. O Instituto Nacional do Câncer, em 1997, liberou um estudo detalhado e um mapa localizando as mais elevadas concentrações de iodo radioativo 131, isótopo liberado quando a bomba nuclear era detonada. O estudo apontou como mais afetados os condados de Gem County, que inclui as localidades de Emmett, Lemhi, Blaine e Custer, e os de Montana. As doses de radiação foram maiores em crianças, e uma das fontes de contaminação era o leite de vaca, pois os animais e o pasto também foram afetados pela radioatividade. Mas poucas pessoas que moram em Emmett ouviram falar do estudo, conforme recentes entrevistas, e também poucas delas receberam algum atendimento especial. Contudo, nos últimos anos, uma espécie de revolta tomou conta de alguns residentes de Emmett que sobreviveram ao câncer de tireóide, mas que estão doentes, agora, por causa de câncer no seio, que se instalou a partir de células cancerosas nos ossos e no fígado. Eles estão escrevendo cartas a representantes do governo, denunciando a situação e pedindo providências. (NY Times 05/09)