Transposição do São Francisco ainda pode empacar na Justiça
2004-09-03
A decisão do governo Lula de investir R$ 1,073 bilhão em 2005 na transposição das águas do rio São Francisco, formalizada no projeto de lei do Orçamento encaminhado anteontem ao Congresso, atropelou um debate do próprio governo com o Comitê da Bacia, responsável direto pela gestão do rio. Como resultado, o projeto pode ser levado à Justiça antes mesmo de a obra obter licença ambiental para sair do papel. Estamos indignados, afirmou o secretário-executivo do comitê, Luiz Carlos Fontes. Ele é um dos representantes das entidades civis no órgão, que também reúne usuários (40%, a maior fatia) e representantes de União, Estados e municípios da região. Debatida desde os tempos do Império como solução para as secas do Nordeste, a transposição das águas do rio São Francisco virou prioridade do governo Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu começar no próximo ano parte da obra, cujo custo total foi estimado em R$ 4,2 bilhões: a construção de dois eixos, norte e leste, que envolvem obras no Ceará, no Rio Grande do Norte, na Paraíba e em Pernambuco. No eixo norte, a água a ser retirada do São Francisco aumentaria a vazão da bacia dos rios Jaguaribe, Piranhas-Açu e Apodi e estimularia projetos de agricultura irrigada no Nordeste, por meio de 300 quilômetros de canais. No eixo leste, o aumento da vazão da bacia dos rios Moxotó, Ipojuca e Paraíba beneficiaria a população urbana da região e a indústria. Nesse caso, são mais 200 quilômetros de canais. (Folha de São Paulo, 02/09)