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2004-09-02
Têm sido desenvolvidos muitos estudos visando o estabelecimento de relações entre a absorção de substâncias potencialmente perigosas presentes no ambiente, com o desencadeamento de doenças. Capra (1982) afirma que a saúde dos seres humanos é predominantemente determinada não por intervenção médica, mas pelo comportamento, pela alimentação e pelo ambiente onde vivem. Menciona, ainda, que as doenças infecciosas agudas que nos assombraram no século XIX estão sendo substituídas por doenças associadas à prosperidade e à complexidade tecnológica. São as chamadas doenças crônicas e degenerativas (como cardiopatias - afecções do coração - câncer, diabetes), que receberam o nome de doenças da civilização, estando intimamente relacionadas a atitudes estressantes, dietas, abusos de drogas, vida sedentária e poluição ambiental, características da vida moderna.

Um exemplo é a doença causada pela Sensibilidade Química Múltipla ou SQM, também conhecida como Enfermidade Ambiental, que é uma reação a algumas substâncias químicas. Alguns dos sintomas básicos desta enfermidade incluem espirros, dificuldades cognitivas, perturbação do sono e problemas de coordenação motora. A causa destes sintomas é, basicamente, a incapacidade do corpo de metabolizar várias toxinas absorvidas pelo organismo. Pacientes com SQM podem passar algum tempo com pouco ou nenhum sintoma, que reaparece mais tarde, sem razão alguma ou ao menor contato ou exposição com alguma substância química presente em um simples perfume, loção de mão, gasolina ou ar poluído. Tais doenças são complexas e, geralmente, não têm cura definitiva (Anders e Dekant, 1994; Behan,1996).

Contudo, os dados são insuficientes, considerando-se a grande variedade de produtos continuamente lançados no mercado bem como as possibilidades de interações sinergísticas (em comum) entre os mesmos (Nava, 1999). Por exemplo: no Japão, estudos referenciaram o cádmio (presente como contaminante de alimentos e da água) como responsável pelo surgimento do itai-itai, uma doença óssea grave. Há, também, estudos que relacionam a difusão deste metal no ambiente com o aumento dos índices de câncer de próstata. O cádmio ocorre como contaminante em adubos minerais e, também, é liberado no ambiente quando plásticos coloridos são queimados (Lederer, 1990; Sacchetti 1997; Van Loon e Duffy, 2000).Além do cádmio existem outros metais pesados como o mercúrio, liberado no ambiente a partir de processos de garimpo, industriais e do descarte de produtos, que também representa grande risco à saúde humana. A seguir são apresentados alguns dos efeitos causados sobre a saúde, por alguns metais.

Elemento: Efeitos

Cádmio: carcinogênico (pode causar câncer), dores reumáticas e miálgicas (em músculos), distúrbios metabólicos levando à osteoporose, disfunção renal, doenças cardiovasculares - em particular hipertensão.
Chumbo: perda de memória, dor-de-cabeça, tremores musculares, lentidão de raciocínio, alucinação, anemia, depressão, doenças cérebro-vasculares, distúrbios digestivos com cólicas abdominais, redução da fertilidade, aumento na incidência de abortos espontâneos, câncer renal, paralisia.
Lítio: irritante ao sistema nervoso central, visão turva, ruídos nos ouvidos, vertigens, debilidade e tremores.
Manganês: desordem crônica do sistema nervoso central (manganismo ou Parkinson mangânico), bronquite, pneumonia.
Mercúrio: distúrbios renais, distúrbios neurológicos; efeitos mutagênicos (pode causar mutação), alterações no metabolismo, perda de memória, deficiências nos órgãos sensoriais. Na cavidade oral causa: gengivite, estomatite, salivação aumentada (sialorréia), danos aos rins e ao sistema respiratório, irritações na pele e nas mucosas. É considerado o elemento mais tóxico para o homem e grandes animais.
Níquel: aumenta o risco de câncer de pulmão, câncer na cavidade nasal, na laringe e no estômago. Causa irritação crônica do aparelho respiratório superior, irritação e fibrose pulmonar (pneumoconiose), bronquite asmática, aumenta a susceptibilidade a infecções respiratórias e dermatites de contato alérgico.
Zinco: Irritação da pele, dos olhos e das mucosas do nariz e garganta, irritação dos brônquios, no aparelho digestivo e respiratório. Deterioração dentária, perfuração do septo nasal e câncer nos testículos. (Fonte: Larini, 1997, Wolff, et al, 2000.)

A absorção de tais substâncias no organismo humano representa um risco que pode ser revertido. A intervenção de diferentes mecanismos de proteção, como a presença de enzimas reparadoras e processos de reparação do DNA, atuam impedindo o desenvolvimento de tumores induzidos por agentes cancerígenos, entre outros problemas (Voet, 1995; Lehninger, 1995). Entretanto, em organismos de uma mesma população, pode variar a susceptibilidade a agentes tóxicos. Assim, por exemplo, as crianças podem ser deficitárias de certos mecanismos de defesa, o que as torna vulneráveis a efeitos ocasionados por algumas substâncias tóxicas que não afetariam significativamente adultos. Uma mesma substância pode, ainda, produzir efeitos distintos, agudos ou crônicos, de diversas magnitudes, segundo a via de absorção e a magnitude da exposição. Os efeitos produzidos por uma mesma substância podem variar, também, quanto ao grau de reversibilidade (Larini, 1997).

Tais substâncias ainda representam um risco para todas as formas de vida, uma vez que: 1) persistem na natureza; 2) podem ser letais e 3) podem provocar ou tender a provocar efeitos cumulativos prejudiciais. Ao se desenvolver ações que visem disciplinar, controlar e até mesmo minimizar a liberação de tais produtos no ambiente, seja através de leis, normas, regulamentos ou da educação (conscientização), além da preservação e proteção do meio ambiente, desenvolve-se a manutenção da saúde humana.

Afinal de contas, se quisermos saber os riscos a que estamos expostos e as doenças que estamos propensos a adquirir, basta observarmos o que está sendo lançado no ambiente.
*Bióloga, especialista em Gestão Governamental pela UFMS e Mestre em Tecnologias Ambientais com ênfase em Saneamento Ambiental pela UFMS.
Este trabalho contou com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente - Ministério do Meio Ambiente
Bibliografia
ANDERS, M. W.; W.; DEKANT, B. Conjugation-dependent Carcinogenicity and toxicity of foreing compounds. Advances in Pharmacology. V. 25, p. 200, 1994.
BEHAN, P. O. Chronic fatigue syndrome as a delayed reaction to chronic low-dose organophosphate exposure. J Nutri. Med. V. 6, p. 341-350, 1996.
CAPRA. F. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982.
LARINI, L. Toxicologia. 3. Ed. São Paulo: Mamole, 1997.
LEDERER, J. Alimentação e câncer. Mamole Dois. São Paulo. 1990.
LEHNINGER, A. L. Princípios de Bioquímica. 2. Ed. São Paulo: Sarvier, 1995.
NAVA, C. C. Promoción de la minimización y manejo integral de los residuos peligrosos.
México: Secretaría de Medio Ambiente, Recursos Naturales Y Pescainstituto
Nacional de Ecología Dirección General de Materiales, Residuos Y Actividades Riesgosas, 1999.
SACCHETTI, A. Luomo antibiológico. Reconciliare societá e natura. Milano: Feltrinelli, 1997.
VANLOON, G.W.; DUFFY, S.J. Environmental chemistry. A global perspective. Oxford: Oxford University Press, 2000.
VOET, D.; VOET J.G. Biochemistry. 2. Ed. New York: John Willey, 1995.
WOLFF, E.; SCHWABE, W. K.; LANGE, L. C. Situação atual das pilhas e baterias no Brasil: Aspectos Ambientais e Legislação. Anais IX SILUBESA - Simpósio luso-brasileiro de engenharia sanitária e ambiental. Porto Seguro: ABES/ABRH, 2000. (Rede Aguapé, 01/09)

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