O governo espanhol anunciou no final da semana passada a adoção de um regime de sanções que podem ir até 2 milhões de euros de multas e o encerramento de empresas para os industriais que ultrapassem os seus direitos de emissão de gases com efeito de estufa, previstos no Protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas. O regime foi adotado na sexta-feira (27/8) pelo Conselho de Ministros e foi justificado pelo atraso acumulado no cumprimento do calendário previsto por Kyoto, segundo María Teresa Fernández de la Vega, vice-presidente do governo. De acordo com ela, trata-se de recuperar o tempo perdido e preservar ao máximo os interesses econômicos do país, a actividade das empresas e, acima de tudo, a comodidade dos cidadãos. Como complemento ao regime de sanções aprovado na sexta, o governo deverá adotar, ainda nesta semana, um plano de atribuição de quotas de emissões que determinará, para 2005-2007, os direitos de emissões de gases estufa para os industriais, com o objetivo de fazer respeitar os compromissos da Espanha no âmbito do Protocolo de Kyoto. Desde junho, o governo socialista, que assumiu o poder em abril, realiza conversações com industriais, especialmente no setor eléctrico, para definir as suas obrigações. O regime de sanções não satisfez ecologistas que, como Ladislao Martinez, porta-voz do movimento Ecologistas em Ação, consideram que uma multa de dois milhões, para uma central térmica de 12 mil megawatts que fatura duas vezes mais essa quantia por dia, é ridículo. (Ecosfera, 30/8)