Estudo mostra que construção de hidrelétricas é desnecessária
2004-08-31
Um estudo encomendado pela ONG ambientalista WWF-Brasil e coordenado por Célio Berman (PhD em Engenharia Mecânica e Professor de Pós-graduação em Energia na Universidade de São Paulo), demonstra que é possível produzir mais energia elétrica com o atual parque de hidrelétricas existentes no país, por meio da repotenciação - troca de turbinas e rotores, modernização, reativação - das instalações existentes. De acordo com o estudo, a repotenciação é muito mais barata e economicamente viável que a construção de novas barragens, que causam enorme impacto ambiental e social, com o deslocamento de populações ribeirinhas. A pesquisa demonstrou que os investimentos são amortizados, em média, num prazo de cerca de cinco anos e são capazes - considerada toda a matriz energética - de gerar um excedente de cerca de 10%, ou o equivalente à produção de 2/3 de uma Itaipu.
Interesse empreiteiro
O prof. Célio Berman atribui a preferência dos governos à construção de usinas novas a uma questão cultural - com governos querendo mostrar obras - e ao forte lobby das grandes empreiteiras. Na construção de hidrelétricas, as obras civis representam 60% de todo o trabalho. — Na repotenciação, não existem obras civis e é por isso que não interessa às empreiteiras. Por outro lado, existe um interesse manifesto dos fabricantes de equipamentos na realização de repotenciações, mas seu lobby é limitado, disse Berman. Até hoje, as usinas hidrelétricas construídas inundaram 34 mil km² de terras, e provocaram o deslocamento compulsório de cerca de 200 mil famílias. O lançamento do livro Repotenciação de Usinas Hidrelétricas como Alternativa para o Aumento da Oferta de Energia no Brasil com Proteção Ambiental será realizado hoje (31/08), no Restaurante Bier Fass do Pontão do Lago Sul, às 19h.