Paraná deve ser maior fornecedor de soja não-transgênica para França
2004-08-31
O Paraná, um dos Estados brasileiros livres de transgênicos, pode tornar-se o principal fornecedor mundial de soja convencional para a região francesa da Bretanha e do Pays de Loire, que também está se transformando em uma área não-transgênica. A proposta foi divulgada ontem (30/08) durante o seminário Soja – safra 2004/2005 – Paraná Livre de Transgênicos, promovido pelo Greenpeace e pelo Deser (Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais) em Curitiba. A comitiva francesa – composta por Pascale Loget, vice-governadora da Bretanha, René Louail, da confederação dos agricultores familiares da Comunidade Européia, e Yvan Le Mevel, do Conselho Agrícola da Bretanha – ficará no Estado até quarta-feira (01/09) para conhecer de perto a cadeia produtiva da soja paranaense. — O consumidor francês é extremamente exigente com a questão alimentar, incluindo a cadeia produtiva. Eles perceberam que não existe processo de rastreabilidade capaz de garantir 100% produtos livres de transgênicos para alimentação animal. Por isso é necessária a criação de áreas livres de transgênicos. Esperamos uma parceria do Porto de Lorient com o Porto de Paranaguá, afirmou René Louail.
Questao de confianca
Segundo René e Pascale, a França é dependente das importações de proteína de soja, uma vez que é deficitária deste produto em cerca de 80%. Atualmente, a França importa 5 milhões de toneladas de soja. A região da Bretanha e do Pays de Loire responde sozinha por 65% da carne suína, 40% do leite e 50% dos ovos produzidos em toda a França. — O que está em questão é o suprimento de toda esta produção, disse a vice-governadora da Bretanha. — É em vocês, caros amigos do Paraná, que queremos depositar a confiança de que esse trabalho está sendo realizado adequadamente, complementou René. Dos três maiores exportadores mundiais de soja, o Brasil é o único capaz de atender a demanda do mercado internacional por produtos que não contenham organismos geneticamente modificados. A maior parte da produção dos outros dois grandes fornecedores – Estados Unidos e Argentina – é transgênica. — A sociedade civil organizada dá apoio à política do governo paranaense em manter-se livre de transgênicos e incentiva, também, a produção de soja convencional em outros Estados sem a destruição de nossas florestas. Isso garantiria vantagens comerciais para o Brasil, afirmou Ventura Barbeiro, engenheiro agrônomo da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.