Mau cheiro é desafio para planta de celulose chilena
2004-08-31
A planta Valdivia da Celulose Arauco e Constitución S.A. (Celco) vai interromper sua produção entre os dias 19 e 29 de outubro com o objetivo de instalar equipamentos para evitar episódios de contaminação ambiental. Desde o dia 30 de janeiro deste ano, quando a indústria iniciou suas operações, em pelo menos três oportunidades foram registradas emissões de maus cheiros que afetaram a população. Na última ocorrência, dia 13 de julho de 2004, cerca de 70 pessoas foram intoxicadas e tiveram que ser encaminhadas para os centros de assistência.
O incidente fez com que o Serviço de Saúde local iniciasse um terceiro sumário - em curso - contra a indústria por emissão de maus cheiros. Segundo o gerente da planta, José Vivanco, os executivos da empresa estão conscientes dos inconvenientes gerados pela indústria. Para cumprir as exigências legais vigentes, estão sendo investidos US$ 7 milhões na aquisição de equipamentos que permitirão eliminar os gases causadores da contaminação. Segundo Vivanco, apesar disso, não é possível assegurar que os maus cheiros não se repetirão. O novo equipamento, que será instalado em outubro, corresponde a um sistema de captação, acondicionamento e eliminação dos gases, após sua combustão na caldeira de recuperação. Antes, porém, será instalado um terceiro sistema autônomo de queima de gases concentrados. A planta Valdivia, localizada em San José da Mariquina, ao norte da província de Valdivia, sofreu críticas da população de localidades vizinhas que se queixam do constante mau cheiro oriundo da indústria.
Cheiro insuportável
Erika Rojas, vice-presidenta da junta de vizinhos de Rucaco, a um quilômetro da planta, diz que o cheiro é insuportável e impregna-se nas casas. O diretor da escola local, José Álvarez, afirma que o cheiro é tão insuportável que, dos 90 alunos que começaram no ano, hoje restam menos de 50. Para eles e para os habitantes de San José da Mariquina e Lanco a situação é permanente. Não tem sido muito diferente para quem reside em Valdivia. Nos dias 26 de fevereiro, 8 de março e 13 de julho o mau cheiro se deslocou até essa cidade, 58 quilômetros ao sul da fábrica. Por isso, uma centena de profissionais apresentou um recurso de proteção em Valdivia, solicitando a paralisação da produção. O pedido foi rejeitado. Mesmo assim os executivos da Celco resolveram paralisar em outubro para evitar o fechamento da indústria. (El Mercúrio, Celulose Online 30/08)