EUA admitem influencia do homem no efeito estufa, mas nao mudam política
2004-08-31
Numa contradição aparente com sua política ambiental, o governo americano disse nesta semana que o aumento das temperaturas nos Estados Unidos desde 1950 é resultado em parte de atividades humanas. A afirmação vem de um novo estudo promovido pela Casa Branca e relatado pelo jornal The New York Times em sua edição de Sábado (28/08). Céticos quanto a uma mudança de posição, ainda mais em plena corrida presidencial, alguns grupos ambientalistas acreditam que a ação seja apenas parte de uma estratégia eleitoreira do presidente George W. Bush. Desde o início de seu mandato, Bush e outros representantes do governo americano têm insistido que não havia provas suficientes da conexão entre o efeito estufa e atividades humanas. Apesar do aparente avanço, o novo estudo não deve resultar numa mudança de atitude do governo. Numa entrevista exclusiva ao NYTimes, Bush foi questionado a respeito da mudança de posição. Ele respondeu: — Mudamos? Eu acho que não. A Casa Branca também afirma que a política do presidente segue a mesma. Para fortalecer os elos entre ação humana e aquecimento global, mais pesquisas seriam necessárias, segundo o governo. Bush causou polêmica internacional em março de 2001 quando abandonou o Protocolo de Kyoto, acordo internacional para reduzir as emissões dos gases causadores do efeito estufa, como o dióxido de carbono. Ele disse que o custo de sua implementação seria alto demais para a economia americana. Em lugar disso, Bush introduziu um programa voluntário para que as indústrias reduzissem suas emissões. Os Estados Unidos são o maior emissor no mundo de gases-estufa. Ao negar a ratificação, eles deixaram nas mãos da Rússia a decisão sobre se o protocolo entrará ou não em vigor.
O adversário de Bush na disputa presidencial, John Kerry, diz que os EUA devem ser líderes no combate ao efeito estufa. (Reuters 30/08)