Amianto: ex-trabalhadores da Eternit lutam por indenizações
2004-08-30
Após exames médicos, 20 ex-trabalhadores da Eternit tiveram diagnóstico positivo para doenças relacionadas à exposição ao amianto. Foram os primeiros 200 examinados a partir do esforço feito da Associação Baiana de Expostos ao Amianto - Abea com apoio do Ministério Público Estadual - MPE, em Simões Filho. A iniciativa visa gerar dados estatísticos que possam subsidiar ações judiciais indenizatórias contra a empresa e pelo banimento do amianto na Bahia.
Instalada em Simões Filho, desde 1967, a Eternit é outro foco de exposição ao amianto no estado para a fabricação de telhas e caixas dágua. Ali, por muitos anos os operários ficaram expostos às fibras, sem proteção alguma. O ex-funcionário, Djalma de Almeida Souza, 61 anos, recorda-se do dia da inauguração da fábrica e de ter trabalhado na arrumação da casa. Ele trabalhou por 27 anos na empresa. Durante pelo menos dez anos ele nada sabia sobre os riscos do seu trabalho. Hoje, com um diagnóstico de placas pleurais ele luta para a reparação do prejuízo à sua saúde e à dos seus companheiros.
Djalma e Belmiro Silva dos Santos, fundadores da Abea, juntos com o MPE já cadastraram 400 ex-trabalhadores. Promotora de Justiça do Meio Ambiente, Hortência Gomes lembra que a empresa não vinha se esforçando o suficiente para cumprir o que determina a Convenção Nacional do Amianto, que obriga a realização de exames periódicos até 30 anos do afastamento dos operários expostos ao amianto. Dos 2.500 ex-trabalhadores, apenas 80 tinham sido examinados.
O inquérito aberto pelo MPE levou também à verificação das condições atuais de trabalho na Eternit, onde hoje atuam 102 funcionários. Um termo de ajustamento de conduta - TAC foi proposto com várias medidas de proteção à saúde dos trabalhadores. Segundo a promotora, a empresa está cumprindo o que foi estabelecido, inclusive tendo instalado uma lavanderia na própria fábrica para a lavagem da roupa dos operários. (A Tarde, 28/08)