Protegendo a camada de ozônio
2004-08-25
Não precisa ser ecologista ou fazer parte de alguma organização não-governamental (ONG) ligada às questões do meio ambiente para saber que há muito tempo gases poluentes vêm contribuindo para aumentar o buraco na camada de ozônio (O3) em todo o planeta. Mesmo quem não sabe exatamente o que isso significa já desconfia que coisa boa não é. E não é mesmo.
Por conta disso é que o Serviço Nacional da Indústria (Senai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Cidade promovem, a partir do dia 31, cursos gratuitos de treinamento para mecânicos refrigeristas. Cada turma será composta por 16 alunos e a capacitação terá a duração de uma semana, com aulas das 13h30 às 17h30.
Quem não trabalha nessa área e já está quase virando a página, saiba que o curso poderá beneficiar não apenas os refrigeristas, mas todo santista, paulista, brasileiro e ser humano. Como uma grande corrente do bem, ações como essa visam cessar a emissão dos gases que abrem buracos na camada de ozônio.
É essa camada que impede que os raios ultra-violeta penetrem na atmosfera e causem câncer de pele, diminuição do plâncton marinho (responsável pela vida nos mares), danos ao sistema imunológico das pessoas, entre outros males.
O objetivo do curso é ensinar aos profissionais como trabalhar com aparelhos de ar-condicionado e refrigeradores em geral sem liberar para a atmosfera o gás clorofluorcarbono (CFC), responsável pelo buraco na camada de ozônio (ver quadro).
A capacitação faz parte do Programa Nacional de Treinamento de Mecânicos Refrigeristas (2004/2008), criado para atender aos objetivos do Protocolo de Montreal (ver quadro), que visa à proteção da camada de O3.
Curso
O curso será dado toda semana, até que todos os profissionais da Baixada Santista estejam capacitados. Para participar, o interessado deverá ir ao Ibama (Avenida Joaquim Montenegro, 297, Ponta da Praia) ou entrar no site www.ibama.gov.br, cadastrar-se e depois se inscrever no Senai (Avenida Saldanha da Gama, 145, Ponta da Praia). O telefone do Ibama é (13) 3227-5775.
Durante o treinamento, o refrigerista fará uma reciclagem sobre tecnologia de refrigerador e técnica de recolhimento de gás. Após o curso, o profissional deverá, cada vez que fizer algum trabalho em motores de refrigeradores, acondicionar o gás CFC em uma caixa apropriada, de onde passará para um cilindro.
Segundo o diretor do Senai, Antônio Carlos Rodrigues, após recolher o CFC, o refrigerista deverá levá-lo para uma empresa habilitada, que se responsabilizará pelo transporte do gás até São Paulo onde, em uma central, ele será reciclado.
Como o gás não pode ser, simplesmente, liberado para a atmosfera, a cada processo de reciclagem pelo qual ele passar irá diminuindo. —O refrigerista entrega um quilo e recebe de volta 850 gramas, já que há óleo, umidade, acidez no gás. Com o tempo, esse gás poluente irá acabar—, explica Paulo Neulaender Jr, proprietário da Frigelar, empresa paulistana que fará a renovação do produto.
Na Baixada, as empresas responsáveis pelo transporte do gás até a central na Capital são a Sanfrio, em Santos, e a Big Frio, em São Vicente.
As empresas cujos funcionários participarem do curso irão ganhar um kit com os equipamentos necessários ao recolhimento e acondicionamento do gás. Para os profissionais que atuam de forma autônoma, o Senai e o Ibama estão estudando critérios para distribuir os aparelhos, que custam cerca de R$ 3 mil.
Saiba mais
O ozônio, ou O3, é um gás que, na troposfera (camada da atmosfera onde vivemos) provoca problemas respiratórios, se inalado diretamente, e contribui para o efeito estufa. Na estratosfera (12 a 50 quilômetros de altitude) atua como protetor da vida: forma uma camada que age como um filtro, impedindo a passagem de parte das radiações ultra-violeta do sol.
Fonte: Única
Personagem
Marco Antônio Peres da Silva
Autônomo, há 22 anos ele trabalha como refrigerista e está achando excelente a idéia de poder fazer o curso. —É ruim jogar esse gás na atmosfera—, declara. Silva também lembra que o gás faz mal para os profissionais, que acabam inalando o CFC. —Se nós tivermos a possibilidade de recolher esse produto... só temos que pensar como faremos para adquirir o kit com os equipamentos—, ressalta, contando que os profissionais que atuam por conta própria estão pensando em se unir para conseguir os kits.
(A Tribuna Digital, 24/08)