Sistema frances para lidar com emergencias é falho, diz agencia alema
2004-08-23
O painel de controle de Civaux, a central mais moderna da França, registrou repentina queda da pressão, no dia 12 de maio de 1998. Engenheiros e técnicos trabalharam freneticamente para decodificar uma série de confusos sinais. Esfriar o sistema demorou nove horas. Somente depois disso os técnicos conseguiram localizar a falha e trocar uma tubulação quebrada. — A indústria nucelar e toda a sociedade francesa tiveram nessa noite uma enorme sorte, disse Lhomme. Semanas mais tarde, os engenheiros descobriram outra falha de construção a ponto de causar uma catástrofe: defeitos em uma tubulação soldada. A Agência Alemã de Segurança Nuclear, que investigou a falha, alertou que os técnicos franceses haviam demonstrado considerável insegurança ao lidarem com o problema. A central teve de ser submetida a grandes obras de reparos. Outras centrais nucelares francesas sofreram acidentes semelhantes. Em dezembro de 1999, a que fica na localidade de Blayes, na costa atlântica perto da cidade de Bordeaux, teve de ser fechada depois que a maré alta inundou suas instalações. Ambientalistas advertiram no ano passado que houve incêndios em seis centrais. As equipes de resgate demoraram para agir, em média, mais de 50 minutos, quando o máximo estabelecido é de 15 minutos. — Todos estes fatos confirmam não só a debilidade inerente da tecnologia nuclear, mas inclusive a do sistema francês de ação diante de uma catástrofe nuclear, afirmou Lhomme. O medo de prejuízos ao meio ambiente aumentou. Devido à onda de calor que atingiu a França no ano passado, as centrais nucleares agora estão autorizadas a despejarem nos rios a água com mais de 50 graus centígrados. — Ninguém sabe exatamente o efeito que isto terá na saúde pública e no meio ambiente. Deixará de haver controle sobre as descargas radioativas nos rios, afirmou a ativista. Por sua vez, as autoridades ignoram a possibilidade de apelar para fontes alternativas de energia, como o vento ou a luz solar. A Alemanha, por exemplo, tem uma capacidade de produção de eletricidade eólica de 13.500 megawatts, quantidade que cai para 220 megawatts no caso francês. (IPS, EcoAgência 18/08)