Acidente no Japão fortalece candidatura da França ao reator de fusao nuclear
2004-08-23
A candidatura da França como sede do Reator Experimental de Fusao Termonuclear Internacional (Iter) se fortalece, depois do acidente fatal na central nuclear japonesa de Mihama, na semana passada. A instalação do Iter começará em 2010, mas os participantes da experiência - China, Coréia do Sul, Estados Unidos, Japão, Rússia e União Européia - ainda não decidiram onde. China, UE e Rússia apóiam a França, enquanto Estados Unidos e Coréia do Sul preferem o Japão. O governo e o setor nuclear franceses evitam se referir em público ao acidente de Mihama, mas em particular mostram esperanças de que o ocorrido tenha afetado a candidatura japonesa a sede do Iter, disse Michelle Rivasi, diretora do independente Observatório Ambiental Francês. Cinco pessoas morreram e sete sofreram sérias lesões no acidente, que aconteceu no dia 9 passado. Foi o último de uma série de graves incidentes no Japão, o primeiro em 1991 e nessa mesma central nuclear, outro ocorreu na central de Monju em 1995 e uma terceiro em 1997, na central de Tokaimura.
No domingo foi detectado um vazamento de vapor em uma tubulação quebrada em outra central japonesa, a de Sinchi, embora este incidente não tenha sido tão grave quanto o da semana passada. A produção japonesa de eletricidade depende em grande parte das 18 centrais nucleares do país. No entanto, a segurança das 58 centrais francesas, que produzem 80% da eletricidade nacional, não é muito melhor, disse Rivasi. — Tem ocorrido acidentes em nossas estações nucleares, e não podemos dizer que a tecnologia francesa é melhor do que a japonesa, acrescentou. — Incidentes extremamente sérios, como o da central nuclear de Civaux, em maio de 1998, nunca foram analisados publicamente, disse, por sua vez, Stéphane Lhomme, porta-voz da organização não-governamental Sortir du Nucléaire. — A transparência, essencial em um assunto tão perigoso como a energia nuclear, não existe na França, advertiu Lhomme. (IPS, EcoAgência 18/08)