Não-obrigatoriedade de Eia-Rima para reflorestamento preocupa especialistas
2004-08-23
A falta de uma legislação federal que obrigue empresas de reflorestamento a produzirem Relatórios de Impacto Ambiental (Eima-Rima) preocupa alguns especialistas. Os estudos serviriam para detectar futura degradação do ecossistema nas áreas de plantio e determinar medidas para reduzir esse impacto.
Segundo o coordenador do curso de engenharia florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) José Sales Mariano da Rocha, pesquisas constataram que a criação de florestas exóticas, como eucaliptos e pinus, em áreas superiores a cem hectares, espanta a fauna e reduz a biodiversidade. Em contrapartida, o aumento nas áreas verdes melhora a qualidade do ar. Rocha lembra que, em um prazo médio de 50 anos, a implantação de uma floresta exótica pode criar um novo ecossistema que embora diferente do original pode trazer tantos benefícios quanto o anterior para a preservação da biomassa. De acordo com ele, o plantio de matas nativas em paralelo às exóticas também surte resultado positivo no quesito preservação.
Conforme Maurício Balensiefer, professor de silvicultura do departamento de ciências florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os impactos ambientais se iniciam na produção de mudas. Com o uso de produtos químicos nos viveiros, há possibilidade de contaminação do solo e da água, pelo lençol freático. Depois, no preparo do terreno, as máquinas remexem o solo, extraindo a vegetação nativa e afugentando a fauna. Entretanto, acredita que a existência das florestas ajuda a reduzir processos de desertificação, porque as árvores retêm a erosão. Para o doutor em Botânica Bruno Irgang, professor aposentado da UFRGS, a questão madeireira não tem nada a ver com a ambiental: - A cultura madeireira é uma atividade agrícola, e os efeitos são os mesmos da lavoura de milho ou soja. (ZH, 22/08)