Cepas de micróbios poderão produzir sucedâneos do petróleo
2004-08-18
Uma equipe de cientistas do Instituto Federal de Investigação de Materiais de Sankt Gallen, na Suíça, trabalha no cultivo de determinadas cepas de micróbios que poderiam revolucionar tanto a medicina quanto a indústria de plástico. Cerca de uma centena de bactérias, entre elas a conhecida com o nome científico de Pseudomonas putida, devoram com predileção toda uma série de produtos tóxicos para o homem, como o fenol, o toluol e outras composições de hidrocarbonetos. Durante o processo de digestão, essas bactérias produzem substâncias que, para os cientistas, têm mais valor que o petróleo: trata-se do biopolímero PHA, cujas áreas de aplicação são enormes. — As bactérias funcionam como os seres humanos, comentou a cientista Helene Felber, do Instituto Federal de Pesquisa de Materiais de Sankt Gallen, na Suíça. — Tal como nós transformamos em gordura o carbono que consumimos em excesso, esses microrganismos o transformam em PHA. Os cientistas suíços conseguiram, graças a essas bactérias, três tipos de biopolímeros PHA, matéria-prima a partir da qual se pode fabricar desde material para empacotamento até colas e sucedâneos de epidermes, válvulas cardíacas e artérias. Segundo Bernard Witholt, do Instituto de Biotecnologia da Escola Superior de Tecnologia de Zurique, num prazo de 30 a 40 anos, poderia se substituir porogressivamente o petróleo pelas bactérias produtoras do material plástico. Depois de ter estudado com cientistas do Instituto Federal Suíço de Proteção de Águas o metabolismo dos micróbios produtores de PHA, Witholt e está convencido do grande potencial desses microrganismos como devoradores de todo o tipo de matérias tóxicas em benefício do ambiente. No entanto, segundo o especialista, é preciso separar muito bem os dois processos: — a descontaminação e a produção de PHA pelas bactérias requerem processos biotecnológicos muito diferentes. O maior potencial está na indústria química tradicional: para o ano 2010, cerca de 60% dos produtos da química fina poderiam ser produzidos com a ajuda destes microrganismos, o que corresponderia a um valor de mercado de € 230 milhões, de acordo com uma estimativa de peritos da Technical Insights. (El Mundo, FSP 16/08)