A EXPERIÊNCIA CUBANA COM AGROPECUÁRIA ECOLÓGICA
2001-08-22
Os pecuaristas cubanos se viram, da noite para o dia, diante de um grande desafio: converter sua produção em grande escala, especializada e altamente dependente de insumos externos, em agrossistemas diversificados, integrados, auto-suficientes e de menor escala. Até então, graças a um vantajoso comércio, Cuba adquiria dos países socialistas os insumos necessários para sustentar sua produção agrícola. Este esquema de intercâmbio criou uma grande dependência e conduziu à degradação dos solos, devastação das florestas e contaminação das águas. No início dos anos 90, quando se instaurou a grande crise econômica cubana, o governo percebeu a necessidade de recorrer a tecnologias alternativas como uma saída para a crise. Desde então os institutos de pesquisa agropecuária adotaram uma concepção de sistema integrado de práticas de manejo como alternativa aos sistemas especializados de produção de leite. Em 1994 foi implantado um projeto de promoção e difusão de sistemas integrados pecuários, voltados à agricultura em pequena e média escala, atendendo às principais regiões pecuárias do país. Além de áreas experimentais, investiu-se na capacitação de difusores, que iniciaram um projeto de extensão participativa e trabalho prático para a introdução de conceitos de produção integrada. Cada área implantada teve seu próprio planejamento, adequado às condições locais e baseado em diagnóstico prévio da topografia, clima, espécies de planta, animais e preferências dos produtores. O projeto chamou a atenção para a importância de se integrar a pecuária à agricultura de base agroecológica. Constatou-se que a concepção agroecológica favorece a criatividade e o entusiasmo no trabalho agrícola, podendo estar relacionada com uma melhora na economia e na tomada de decisões dos agricultores. A inclusão de cultivos na pecuária estimulou as famílias de pecuaristas promovendo a auto-suficiência alimentar e o aumento da disponibilidade de subprodutos para a alimentação animal. A divulgação destes resultados e sua apropriação por parte dos agricultores, professores, técnicos e pesquisadores, assim como a participação das comunidades, são importantes para uma mudança de mentalidade na agricultura que promova a integração pecuária-agricultura e a prática de sistemas mais eficientes de produção a partir do baixo uso de insumos externos, sustentáveis e em equilíbrio com a natureza e com os seres humanos. (ILEIA)