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2004-08-10
A polemica provocada pela passagem do submarino nuclear britanico, Tireless, pela costa espanhola, ilustra as diferencas existentes dentro da Uniao Européia a respeito da energia atomica. O secretário de Assuntos Exteriores, Bernardino León, chegou a convocar o embaixador britanico, Stephen Wright, para expressar que o episódio marca um ponto negativo nas relacoes bilaterais. Antes disso o governo espanhol tinha solicitado o cancelamento da visita indesejada, alegando motivos de seguranca. O mesmo submarino esteve fundeado um ano em Gibraltar (entre 19 de maio de 2000 e 7 de maio de 2001), por conta de uma avaria no sistema de refrigeracao do reator. Na ocasiao, diversos representantes políticos, sindicatos e ONGs espanholas protestaram, aproveitando para requentar a discussao sobre a soberania Britanica sobre Gilbraltar, localizada no extremo sul da costa espanhola, entre o Mediterraneo e o Atlantico.
Segundo o Greenpeace, o Tireless é, pelo menos, o nono submarino atomico que atraca en Gibraltar desde que o início da invasao do Iraque, em marco de 2003. A ONG assegura que todos contavam com propulsao nuclear e capacidade de transportar armas atómicas. Ecologistas fotografaram submarinos norte-americanos em aguas de Gibraltar em fevereiro de 2003, durante os preparativos da invasao. Pouco depois, em abril, detectaram o submarino britanico HMS Turbulent, similar ao Tireless. Em junho o estadounidense USS Hampton. Em outubro, novamente o Turbulent, e em maio de este ano os britanicos Trenchant e HMS Sovereign. Em julho, o Geenpeace avistou o estadounidense USS Albany, e a ONG nao descarta a presenca de outros submarinos nucleares na zona do estreito, que registra intenso tráfego marítimo. O argumento defendido pelo governo espanhol é o de que a presenca dos submarinos nucleares ameaca toda a regiao. Para o Greenpeace o Mediterraneo devería ser declarado livre de submarinos nucleares.

Políticas opostas
Mesmo que Madrid queira limitar o uso dessa fonte de energia e eliminar-la a médio prazo, Londres tem procurado, cada vez mais, apresentá-la como arma contra a mudanca climática. A ministra do Meio Ambiente da Espanha, Cristina Carbona, admitiu que a energia nuclear nao emite gases estufa. — Contudo, enquanto que nao houver uma resposta ao problema dos resíduos radiativos devemos rechacar essa opcao, declarou ela.
Por outro lado, Tony Blair, reconheceu que há pressoes dos EUA para que se instale na Gra-Bretanha uma nova geracao de reatores, mais seguros e baratos que os 19 existentes no país atualmente. — Nao se pode eliminar a energia nuclear da agenda de um governo. Essa energia, ao contrário da produzida pela combustao de hidrocarbonetos, nao contribui para o aquecimento da Terra, disse ele. Ao seu lado está o polemico ecologista James Lovelock, para quem a energia nuclear é a única solucao verde para a mudanca do clima, um perigo maior que o terrorismo internacional. — Nao podemos nos esquecer que os resíduos radiativos duram mais de 3.000 anos, e os vazamentos radiativos sao factíveis seja embaixo da terra ou no fundo do mar, pondera o presidente do Greenpeace Espanha, Juan López Urralde. Ele também lembra do vínculo que a energia nuclear tem com armas de destruicao em massa.
Ainda que Madrid nao descarte de imediato as fontes tradicionais, Carbona aposta na diversificacao da oferta por iniciativas limpas. Como primeiro passo elevará de 9.000 a 20.000 megawatts a potencia instalada com fontes eólicas previsto no Plano de Fomento do governo anterior.
Na Uniao Européia estao em funcionamento 153 reatores nucleares, sendo nove na Espanha e 59 na Franca. Com uma potencia instalada de 133.607 megawatts, essas centrais proveen 38 % da electricidade que se consome nos 25 países do bloco. (IPS 08/07)

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