Experiência já é considerada a mais importante do país
2004-08-10
O economista Marco Antonio Vargas, 38, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que pesquisa a economia do tabaco, considera a experiência de Santa Cruz a mais importante do país no gênero.
— Os agricultores conseguiram mostrar que é possível encontrar alternativas ao fumo no maior pólo da indústria do cigarro. Há dez anos isso seria impensável, afirma o professor da UFRJ.
Vargas prepara para a OMS (Organização Mundial da Saúde) um estudo sobre os resultados de Santa Cruz.
A OMS tem interesse por essa experiência por causa da Convenção-Quadro. Esse acordo, aprovado por 193 países no ano passado com o objetivo de reduzir o tabagismo, prevê a substituição do fumo por outros cultivos para diminuir a oferta de cigarros. A dúvida que persegue toda experiência de alternativa ao fumo é uma só: será que dá para manter os ganhos com outra plantação? O fumo é uma das culturas mais rentáveis do país, segundo a Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), entidade que reúne os produtores: um hectare rende R$ 7.275 ao ano, enquanto milho e feijão propiciam ganhos de R$ 1.130 e R$ 810, respectivamente.
Daí a sensação entre agricultores de que o fumo é um caminho sem saída. — Aqui no Sul não tem nenhuma cultura com uma rentabilidade maior do que o fumo, diz Claudino Francisco Vaz, 53, que diz ter começado a trabalhar com essa cultura aos sete anos. (FSP/C1, 09/08)