IMPLANTAÇÃO DE JACUÍ I RESTRINGIRÁ NOVOS EMPREENDIMENTOS NA REGIÃO
2001-08-21
- A implantação da Usina Termelétrica de Jacuí I, em Charqueadas, restringirá novos empreendimentos, pois ocupará a capacidade da região de receber emissões atmosféricas, revelou o diretor-presidente da Fepam, Nilvo Luís Alves da Silva, durante apresentação do parecer técnico sobre o licenciamento da obra, ocorrida na reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente da última sexta-feira (17/08). As duas térmicas em atividade na região apresentam tecnologia obsoleta e emitem altos índices de poluição em troca de pouca energia. A usina de São Jerônimo, da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), representa apenas 20 MW, enquanto que a termelétrica Charqueadas (Termochar) produz 72 MW, mas emite, em contrapartida, 515 g/s de SO2 pela chaminé, contra 486g/s do empreendimento da Gerasul, que irá fornecer muito mais energia, 350 MW. Quando Jacuí I entrar em funcionamento, a termelétrica Charqueadas e a São Jerônimo terão que ser modernizadas ou fechadas. A Termochar tem até 2005 - prazo que deverá ser antecipado para 2003 - para instalação do lavador de gases que possibilitará a adequação ao novo EIA/RIMA, feito pela Fepam em 1999. Com as modificações, mesmo que Jacuí esteja funcionando a todo vapor, os níveis de emissão da região ficarão praticamente iguais aos de hoje, chegando ao limite permitido pela Legislação Ambiental. A conselheira Kathia Vasconcellos Monteiro, do Núcleo Amigos da Terra, ressaltou que além de o material particulado de Jacuí I (42g/s) totalizar mais de duas toneladas por dia, a obra imobiliza um número maior de usinas, que poderiam garantir uma produção de energia mais elevada, com menor impacto ambiental e nível de emissões. Outro conselherio, Arno Kayser, do Movimento Roessler, levantou a questão do modelo de desenvolvimento que está sendo escolhido com Jacuí. - A chuva ácida gerada pela Usina irá comprometer o potencial de turismo ecológico da região. Além disso, o Estado terá de gastar com recuperação do solo e recursos hídricos no futuro. Temos que repensar esse modelo de desenvolvimento. Existem outras maneiras de gerar renda, ressaltou. Kayser lamentou, ainda, o fato de a liberação do empreendimento comprometer a imagem de referência ecológica mundial do Rio Grande do Sul, já que o Estado estaria liberando um empreendimento contrário às novas tendências da política ambiental no mundo, que prega a redução das emissões de gases da queima de combustíveis fósseis, causadores do aquecimento global.