Apesar da legislação, pneus continuam espalhando contaminação
2004-08-06
Os fabricantes de pneus, por meio de sua Associação Nacional, a Anip, estimam que existam 100 milhões de pneus espalhados de forma inadequada, lançando focos de contaminação pelo Brasil afora - pois são capazes de armazenar água e atrair mosquitos transmissores de doenças - ou então sendo alvo fácil de combustão, com efeito extremamente tóxico ao meio ambiente e à saúde. Essa realidade está bem longe do que preconiza a Resolução Conama 258/1999, que estabeleceu metas, até 2005, para a reciclagem de pneus produzidos no país e importados. Pela Resolução, em 2002, a meta era reciclar 25% dos fabricados no mercado doméstico e a mesma proporção dos importados. No ano seguinte, ambos os percentuais-meta subiram para 50%, ou seja, duplicaram. Em 2004, pularam novamente, mas para 100% dos produzidos no Brasil e 125% para os importados. No ano que vem, a meta é ainda mais ambiciosa, passará para 125% e 133%, respectivamente. Mas, na realidade, esses números não se efetivam, pois o ritmo de produção de pneus novos e o sucessivo descarte é muito elevado, e são poucos os revendedores que fazem a coleta, o armazenamento, e devolvem pneus velhos para fabricantes. Evidentemente, os borracheiros têm papel importante no reaproveitamento desse componente do automóvel, mas é justamente neles que o recolhimento dos pneus velhos, não mais recicláveis economicamente, entrava. O resultado são os cerca de 100 milhões de pneus abandonados. Felizmente, o Conama vai rever as metas de reciclagem em 2006. Seria mais interessante cotejar as metas com a realidade.