Estudo pioneiro mostra efeitos do celular em aparelhos hospitalares
2004-08-04
Um estudo pioneiro no Brasil, realizado pela tecnóloga em saúde, Suzy Cristina Cabral, na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computaçãoda Unicamp (SP), traz um alerta sobre os riscos de uso de aparelhos de telefonia celular em hospitais e casas de saúde, especialmente em instrumentos empregados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Segundo o estudo, uma dissertação de mestrado, as ondas eletromagnéticas emitidas pelos telefones móveis podem interferir no funcionamento dos equipamentos médicos, o que representa um risco aos pacientes. Para desenvolver o trabalho, a tecnóloga caracterizou os equipamentos médicos. Depois, expôs os mesmos ao campo elétrico gerado pelo celular, para observar a ocorrência de possíveis alterações. Os ensaios foram realizados na UTI pediátrica do Hospital de Clínicas e na UTI neonatal do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), ambos da Unicamp. O principal resultado do estudo da tecnóloga Suzy Cabral é que, num raio de 1,5 metro, o celular interfere no funcionamento dos equipamentos médicos, como a bomba de infusão, que administra medicamentos aos pacientes. Esta interferência significa que poderiam ser liberadas doses de remédios aquém ou além da quantidade prescrita. Outro fenômeno observado é que o celular também pode interfererir em respiradores e até mesmo na leitura dos eletrocardiogramas. Porém, mesmo sofrendo interferência, os equipamentos médicos não acusam qualquer problema, o que torna difícil perceber a alteração, criando uma situação de risco para o paciente, sem que o médico e o enfermeiro tomem conhecimento. Pela legislação, os aparelhos hospitalares suportam a emissão de até 3 Volts por metro. O celular, quando opera em potência máxima, gera perto de 40 Volts por metro. E quanto mais longe da sua estação rádio-base, maior a potência produzida pelo telefone para poder funcionar. Os resultados do estudo foram apresentados a um grupo de uma universidade da Espanha, que se mostrou interessado em reproduzir a experiência.