Temporada de queimadas na Amazônia pode ter efeitos mais graves neste ano
2004-07-29
As próxima temporada de queimadas na Amazônia, a partir de agosto, pode promover um cenário mais crítico do que em outros anos, alertou o pesquisador da Universidade de São Paulo e coordenador da 3ª Conferência Científica do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), Paulo Artaxo.
O cientista explicou que , com o ar está mais seco na Amazônia devido à falta de chuvas, o efeito das queimadas pode acabar potencializado. Segundo Artaxo, as queimadas na Amazônia são responsáveis pela emissão de 800 milhões de toneladas de gás carbônico a cada ano. Mas, segundo pesquisas do LBA, a absorção de carbono pelo restante da floresta contrabalança esta emissão, afirmou Artaxo. Por quanto tempo isso pode perdurar, porém, é incerto. Agricultores e pecuaristas iniciam o processo de queimada de agosto até outubro, época de seca na região amazônica. A atividade se concentra ao longo do chamado Arco do Desmatamento, que inclui de leste a oeste os estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia. Queimadas e desmatamento são eventos associados. A floresta sofre o corte em maio e, depois que a umidade dos restos vegetais evapora, é que os produtores promovem a queima.
— É necessário controlar essas atividades porque há outros efeitos péssimos como a perda da biodiversidade e erosão, observou o pesquisador. Artaxo lembrou ainda que nos últimos cinco anos, o desmatamento tem atingido cerca de 20 mil quilômetros quadrados anualmente. Para ele, o desmatamento tem que ser reduzido drasticamente se ainda se pretende manter a importância da Amazônia como sorvedouro de gás carbônico, juntamente com toda sua diversidade biológica. — Há casos em que a queimada não é tão prejudicial, como para plantar pastagem. O pasto cresce no ano seguinte e também ajuda a absorver carbono. Mas não é possível continuar com os atuais níveis de desmatamento e com as queimadas evitáveis, disse. (O Globo, 28/07)