Queimadas na Amazônia prejudicam agropecuária
2004-07-28
O desmatamento e as queimadas na Amazônia não são ameaças só ao clima do planeta. Novos estudos, a serem apresentados a de hoje a quinta-feira numa conferência em Brasília, indicam que o uso do fogo está alterando o ciclo de nutrientes no solo da floresta, com impactos negativos tanto para o crescimento da mata quanto para a agropecuária.
As pesquisas fazem parte do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), um megaestudo iniciado em 1999 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia que reúne 800 pesquisadores para tentar entender como o ecossistema amazônico funciona. O projeto inicia hoje sua terceira conferência científica anual.
Um dos resultados a serem apresentados é o de uma pesquisa desenvolvida pelo americano Eric Davidson, do WHRC (Instituto de Pesquisa de Woods Hole, na sigla em inglês). Davidson analisou solos nas terras baixas da região e descobriu que, após ciclos repetidos de queimadas, a quantidade de fósforo e nitrogênio no solo diminui. Ambos os elementos são fundamentais para as plantas.
—Quando se fala do efeito da devastação sobre os solos, pensa-se em lixiviação e erosão. Não se conhecia o efeito do fogo no ciclo de nutrientes—, disse à Folha o climatologista Carlos Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), coordenador do LBA.
(Folha de São Paulo, 27/07)