Má gestão de esgoto dobra custo de tratamento da água em São Paulo
2004-07-26
A contínua degradação da qualidade da água retirada dos três principais sistemas de abastecimento público da Grande São Paulo -Cantareira, Guarapiranga e Alto Tietê- chegou a mais que duplicar o custo do tratamento para deixá-la adequada e segura ao consumo doméstico (potável) nos últimos cinco anos.
Descontada a inflação do período, o aumento maior foi no Guarapiranga: 133%. Para tratar 1 milhão de litros de água, gastavam-se em 1998, em valores corrigidos, R$ 23,21; em 2003, o mesmo volume, limpo, custou R$ 54,03.
Mas os gastos também cresceram no Alto Tietê e até no sistema Cantareira. No primeiro, o aumento do custo para tratar 1 milhão de litros passou de R$ 29,24 para R$ 35,10 (20%); no segundo, o mesmo volume tratado ficou 27% mais caro (aumento de R$ 6,78 para R$ 8,59). Juntos, os três sistemas abastecem 16 milhões de pessoas, quase 90% da população da região metropolitana.
Os dados oficiais da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), tabulados a pedido da Folha, explicitam a insuficiência da ação do poder público no controle de ocupações irregulares e do despejo de esgoto in natura nos mananciais.
Mostram, por exemplo, que os US$ 340 milhões (R$ 1 bilhão em valores atuais) gastos entre 1993 e 2000 no Programa Guarapiranga, o maior projeto de saneamento ambiental da Grande SP, tiveram um resultado aquém do esperado: não melhoraram a qualidade da água nem contiveram o adensamento populacional na região da represa Guarapiranga. (Folha de São Paulo, 25/07)