Reciclagem muda vida de ex-catadores em município paulista
2004-07-23
Recém-criada por 198 ex-catadores de lixo que atuavam no depósito de Sambaiatuba, a Cooperativa de Trabalho Cidade Alta (Coopercial), de São Vicente/SP, começa a produzir os primeiros resultados práticos. Maria Aguinalda Aristides, uma de suas integrantes, acaba de ser contratada por uma escola da rede particular de ensino para trabalhar como servente.
A implantação da Coopercial foi viabilizada pela Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codesavi), que ofereceu aos ex-catadores aulas de informática e alfabetização. A proposta agora é capacitá-los de acordo com as vagas que forem sendo oferecidas na Cidade.
Bastante entusiasmada, Regina Célia Bittencourt, que integra a diretoria da Coopercial, explica que, com a regulamentação da entidade, ficou mais fácil oferecer uma nova fonte de renda para os cooperados. —Podemos até participar de concorrências públicas a partir de agora—.
O trabalho surgiu a partir da desativação do Lixão do Sambaiatuba, transformado em parque ecológico, atendendo uma exigência do Ministério Público (MP). No local, há agora áreas de lazer, com playground, quadra poliesportiva e até uma pista para pedestrianismo.
Em uma outra área foi instalado um terminal de transbordo, onde é encaminhado todo o lixo recolhido da Cidade. Todo o material coletado é transportado para o Aterro Sanitário de Mauá, ou separado pelos ex-catadores para reciclagem.
Uma parte dos cooperados atua na separação do material da coleta seletiva — realizada pela Codesavi —, utilizando uniformes e equipamentos de proteção individual. Uma outra parcela ainda realiza o mesmo trabalho sem condições adequadas, ou seja, sem o uso de luvas ou botas.
A estagiária Luciane Maeda, que atua na coordenação da Coopercial, explica que o trabalho de conscientização ainda não terminou. —Nem todos quiseram atuar na separação do material da coleta seletiva, por entender que ainda há muito material que segue para Mauá e que poderia estar sendo aproveitado para o trabalho de reciclagem—.
Por dia, são recolhidas cerca de 250 toneladas de lixo doméstico. Desse total, 5,4% correspondem ao lixo reciclável aproveitado pela Coopercial para comercialização.
O ideal, de acordo com Luciane, seria separar 30% desse total. —Mas, isso depende de uma conscientização maior de quem produz o lixo, ou seja, do próprio munícipe e dos grandes produtores, como os supermercados—.
A média de lixo reciclável recolhido pelos cooperados gira em torno de 6 toneladas por semana. Cada um deles consegue uma média de R$ 60,00 a R$ 90,00 por semana.
(A Tribuna Digital, 23/07)