Moradores de Juruti/PA temem extração de bauxita na região
2004-07-22
Moradores de Juruti (PA), denunciaram no começo deste mês o início das atividades para a extração de bauxita pela companhia Alcoa nas margens do Lago de Juruti-Velho. O empreendimento pode agravar ainda mais a série de conflitos já existentes no município, localizado ao norte do Parque Nacional da Amazônia, no Pará.
Através de suas associações comunitárias, e em conjunto com uma sociedade franciscana, os moradores enviaram uma carta às organizações não-governamentais com atividades voltadas à Amazônia, buscando auxílio para pressionar o governo federal por políticas em defesa destas comunidades e do meio-ambiente.
A região já acumula, como relata a carta, uma série de problemas comuns às pequenas comunidades amazônicas. A expansão da soja e a extração ilegal de madeira têm causado intenso desmatamento, danificando a vegetação nativa e atingindo sua fauna. Por todo o município, os moradores não detêm posse legal das terras em que vivem, facilitando a ação de madeireiras e de grandes empreendedores agrícolas, e dificultando seu acesso aos programas de crédito rural. Nas glebas às margens do lago, cerca de 30 comunidades ribeirinhas - cerca de 6.600 moradores- sofrem uma série de privações de natureza sócio-econômica.
De acordo com as denúncias, a Alcoa está instalando um projeto de mineração de bauxita nas margens do Lago de Juruti-Velho, em uma propriedade de 50 mil hectares, dos quais metade seria destinada à atividades de extração. Ao menos oito mil seriam desmatados. Nas diversas publicações da empresa, os números, tanto da área, como do volume das jazidas e do tempo previsto de exploração, variam.
Na área do empreendimento, já parcialmente devastada pelo uso agropastoril, assim como pela atuação das madeireiras, moram cerca de 1800 famílias, e ainda existem grandes zonas de mata virgem, nas quais habitam várias espécies de animais ameaçadas de extinção.
As entidades temem pelos impactos, tanto sociais quanto ambientais, da instalação desta atividade na região. Além de denunciar os fatos, os moradores buscam, através desta carta, mobilizar a sociedade civil em geral. Sugerem o envio de cartas, petições e abaixo-assinados para o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente, como forma de pressionar os órgãos governamentais por uma solução para estes problemas. (Amazônia.org)