Paraná embarga trecho de ferrovia que liga Curitiba ao litoral
2004-07-22
O IAP - Instituto Ambiental do Paraná, ligado ao governo estadual, está embargando o trecho de ferrovia que liga Curitiba à Paranaguá até que as empresas assinem um termo de conduta. O anúncio foi feito pelo presidente do IAP, Rasca Rodrigues, em entrevista coletiva nesta terça-feira (20) em Curitiba.
A América Latina Logística (ALL), responsável pelas ferrovias do Paraná, divulgou nota afirmando que as causas do acidente ocorrido nesta segunda-feira, dia 19, na ponte do Rio São João, na Serra do Mar, devem ser conhecidas em 30 dias, mas descarta qualquer possibilidade de que possa ser a má conservação dos trilhos. Trinta e cinco vagões carregados com farelo de milho, soja e açúcar tombaram danificando toda a estrutura da ponte.
Setenta pessoas, entre técnicos, engenheiros de segurança e meio-ambiente trabalham na recuperação do trecho mas a chuva está dificultando a retirada da carga que deverá ser lenta e manual, segundo o Corpo de Bombeiros do município de Morrentes, que ajuda na operação. A carga será colocada em sacos, içados por guindaste. São 1.700 toneladas de produtos que caíram dos vagões a uma altura de 55 metros.
O local do acidente está dentro da AEIT - Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi, que abriga o Parque Estadual Pico do Paraná, Parque Estadual Pico do Marumbi, Parque Estadual da Graciosa, Parque Estadual do Pau-Oco e Parque Estadual Roberto Ribas Lange.
Segundo o presidente do IAP, Rasca Rodrigues, a recorrência dos acidentes tem demonstrado que existe falha na operação do sistema de transporte da ALL e não se pode mais permitir que o meio ambiente do Paraná continue pagando a conta. O presidente do IAP ainda disse que, apesar de envolver material orgânico, o acidente é preocupante. — A fermentação desses grãos consome oxigênio da água do rio, diminuindo a quantidade de oxigênio disponível aos peixes —, explica.
Esse foi mais um acidente de grandes proporções envolvendo trens só neste ano. Os outros causaram sérios danos à natureza, como a morte de milhares de peixes. Segundo o presidente do IAP, agora um relatório será entregue à ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestre, que fiscaliza e libera a concessão das ferrovias, avaliando a resposta da empresa aos acidentes ocorridos no Paraná e solicitando providências para evitar novos danos ao meio ambiente do Estado. O IAP deverá cobrar ainda da empresa ALL ações de mapeamento de riscos e manutenção preventiva na região. O valor da multa só poderá ser calculado após a retirada dos vagões e os resultados das análises laboratoriais. (Radiobras, 22/07)