Lixo é grande problema no Distrito Federal
2004-07-21
Moradores do Núcleo Rural Boa Esperança, na Ceilândia, lotaram nesta terça-feira o centro comunitário do bairro para ouvir as orientações de técnicos da Vigilância Epidemiológica e da Vigilância Ambiental (Dival) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Os servidores orientaram a população sobre os fatores de risco, como o mal acondicionamento do lixo, identificados durante um levantamento das condições sanitárias da região. O estudo foi iniciado após a morte de Irene da Silva Rosa, 24 anos, no último dia 2, com todos os sintomas de hantavirose. Ela era moradora da comunidade. O resultado de exames feitos nas vísceras da jovem deve ficar pronto nos próximos dias.
Um dos principais problemas apontados pelos técnicos é o depósito inadequado do lixo. No caminho para o núcleo rural existe sujeira espalhada às margens da estrada. Ambiente propício para animais silvestres e peçonhentos. E risco de contaminação de várias doenças —O lixo colocado no chão atrai cães, que podem transmitir a raiva, além de baratas, escorpiões e ratos—, informa o veterinário da Dival, Péricles Massunaga. —A sujeira deve ser bem fechada em sacos plásticos e colocada no alto—, orientou.
Esses cuidados estão numa cartilha de dicas para evitar a contaminação de hantavirose (leia ao lado). Transmitida por roedores silvestres contaminados pelo hantavírus, um mal ainda raro no Brasil — teve o primeiro registro em 1993 no interior de São Paulo —, a doença é a que mais assusta os moradores do núcleo, desde a morte de Irene Rosa. E os leva a buscar atendimento nos hospitais e postos de saúde da região.
—Todos os dias aparecem pacientes com um sintoma ou outro. Procuram atendimento com medo de estarem contaminados—, comentou o diretor do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Jorge Martins Pitanga.
Na última segunda-feira, a dona de casa Delícia da Silva Moreira, 37 anos, sentiu-se mal e procurou atendimento no HRC. O caso dela não é considerado suspeito. Moradora a 50 metros da casa de Irene, Delícia sentiu febre e dores no corpo. —Não conseguia parar em pé—, disse. Ela afirmou ainda que tomará mais cuidados com a higiene. E deixará de lado o costume de jogar comida para as galinhas, o que pode atrair roedores silvestres, hospedeiros do vírus.
(Braziliense on line, 21/07)