Reunião da SBPC discute pela primeira vez a ciência indígena
2004-07-20
Pela primeira vez, o saber indígena será visto e discutido na Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) com o mesmo valor do
conhecimento dos não-índios. É o SBPC e a Ciência Indígena, que será
realizado de segunda (19) até quarta-feira (21) e integra a programação da
56ª reunião da Sociedade, aberta neste domingo (18) e que vai até o dia 23.
O objetivo é dar visibilidade ao conhecimento indígena dentro da perspectiva
do valor científico, já que o Brasil possui mais de 220 povos falando 170
línguas diferentes.
Além de pesquisadores, indigenistas, instituições e entidades envolvidas com
questões indígenas, a expectativa é de que 250 índios participem do evento.
Eles vão dirigir 80% da sua programação, ministrando conferências,
coordenando mesas e apresentando trabalhos. Também estarão presente
professores indígenas de todo o país e acadêmicos do projeto 3º Grau
indígena, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), estado onde
será realizado o congresso.
A Unemat é a primeira universidade da América Latina a oferecer um curso
superior para a formação de índios. É o projeto 3º Grau Indígena, que atende
a 200 professores indígenas de 33 etnias de 11 estados brasileiros e possui
cursos de Línguas, Artes e Literatura, Ciências Matemáticas e da Natureza e
Ciências Sociais. A experiência começou em 2001 e é realizada em parceria
com a Secretaria de Educação do Estado, a Fundação Nacional do Índio (Funai)
e a Prefeitura local.
Ao todo, 18 mesas-redondas, conferências e oficinas debaterão amplamente a
questão indígena com temas que envolvem discriminação e intolerância racial
e políticas afirmativas, economia, meio ambiente e sustentabilidade, a
imagem do índio na mídia, espiritualidade indígena, educação escolar para
povos indígenas, formação de professores indígenas e material didático,
saúde indígena e conhecimento tradicional.(Radiobras)