Observadores da OEA ficaram de olho no referendo
2004-07-20
Um clima de eleição presidencial estava no ar, não deixando transparecer que era apenas uma consulta popular. Dezenas de cidadãos, incluindo mulheres indígenas que abanavam seus chapéus, mostravam ou contrariedade total, ou aprovação total à idéia de exportar o gás boliviano. Havia até 22 observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) acompanhando passo a passo os resultados. O presidente Carlos Mesa, ex-vice-presidente da gestão de Gustavo Sanchez de Lozada, aderiu imediatamente ao referendo, que estava antes programado para acontecer somente no final de 2007. Os campos de gás da Bolívia podem muito bem ser considerados o atual ouro de Potosí, pois estão avaliados em mais de US$ 70 bilhões e são cobiçados por cerca de 20 companhias, que têm investido US$ 3,5 bilhões neles, com a descoberta de 55 trilhões de pés cúbicos de gás natural. Mas nem tudo é paz, como quer o presidente Mesa. Dois terços dos bolivianos que vivem na pobreza absoluta protestaram e continuarao protestando porque não querem ver sua maior riqueza nas mãos dos estrangeiros. Muitos deles acham que tudo isso é uma armadilha contra o povo. O referendo quis saber não apenas se o gás deveria ser exportado, mas se o governo deveria recuperar a posse das reservas de hidrocarbonetos e reestabelecer a empresa estatal para ela trabalhar junto com as multinacionais, e ainda se a Bolívia deveria usar o gás para negociar seu acesso à costa do Pacífico, perdido em uma disputa com o Chile, entre 1879 e 1884.