Sim dos bolivianos às exportações de gás revertem movimento de 2003
2004-07-20
O nacionalismo boliviano sofreu neste domingo (18/07) um revés significativo, meio que contrariando esforços que justificaram a sangrenta batalha ocorrida em outubro do ano passado entre líderes de origem indígena e o governo. A maior razão da disputa é o gás natural. A Bolívia é dona da segunda maior reserva americana do combustível, perdendo apenas para a Venezuela. A vitória do governo veio com o aval de 56% a 63% dos votantes dizendo sim às exportações do gás natural, num referendo público que nem por isto deixou de ser marcado por protestos da oposição. Há nove meses, o cenário era ainda mais difícil. Redes de TV norte-americanas e outras focavam uma espécie de guerrilha urbana nas ruas de La Paz e das principais cidades do país, onde havia uma espécie de consenso batendo pé firme para que o gás natural ficasse com os bolivianos. Na ocasião, o então presidente Gonzalo Sanchez de Lozada anunciava seus planos de exportar gás liquefeito de petróleo para o México e a Califórnia. Enquanto isto, manifestantes saíam às ruas em protestos, em violentos combates contra a Polícia, num episódio que deixou pelo menos 60 mortos. Domingo, parecia que alguma coisa havia mudado na mentalidade popular. Chegou a haver ameaças de depredação e incêndios, mas ocorreram, de fato, apenas incidentes isolados. Um deles ocorreu em função da explosão de uma dinamite na cidade de Achacachi, 40 milhas a noroeste da Capital.