Frigorífico mineiro é acusado de despejar sangue e restos de animais em rio
2004-07-16
O Ministério Público de Minas Gerais determinou a realização de uma perícia para apurar se um frigorífico de Governador Valadares (MG) estaria despejando sangue e restos de animais no rio Doce — um dos principais do Estado. A Folha de São Paulo de ontem (15/07) publicou uma foto que mostra as águas do rio vermelhas de sangue. Em abril deste ano, a Indústria Aliança de Alimentos, responsável pelo frigorífico, assinou um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público, pelo qual se comprometia a regularizar problemas ambientais. Em inquérito civil, a Promotoria concluiu que o abate médio de 350 bovinos por dia resultava na emissão de resíduos líquidos (águas provenientes da limpeza), atmosféricos (gases malcheirosos) e sólidos (estrume, óleos, plásticos) na natureza.
O termo de ajustamento de conduta encerrou a ação civil pública movida pelo Ministério Público contra a empresa. No acordo, a empresa assume obrigações como só lançar ao rio resíduos líquidos cozidos e peneirados. Na semana passada, porém, o administrador Paulo Guido Coelho Júnior, 33, passava de caiaque pelo rio Doce e fotografou imagens de sangue e restos de animais no local. O material foi enviado à Promotoria, que determinou perícia para apurar se houve descumprimento do acordo. O gerente administrativo da Indústria Aliança de Alimentos, Lúcio Byrro, disse que o despejo no rio Doce foi feito, em caráter excepcional, durante duas horas na sexta, pois o tratamento teve que ser interrompido para a passagem de uma retroescavadeira. Byrro negou o descumprimento do acordo firmado. (Folha de São Paulo, 15/07)