Praga atinge mais 11 bananais do litoral sul paulista
2004-07-14
Em menos de uma semana, o Escritório de Defesa do Agronegócio do Vale do Ribeira confirmou mais 11 casos da sigatoka negra em bananais da região. Desta vez, a doença foi detectada nos municípios de Itariri, Pedro de Toledo e Jacupiranga, até então considerados limpos.
Em função do problema, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Antonio Duarte Nogueira, se reúne hoje com representantes do setor produtivo da banana e lideranças políticas regionais para apresentar as ações da secretaria no combate à praga e discutir alternativas econômicas para o Ribeira.
No encontro, que está marcado para às 10 horas, na sede do Pólo Regional da Secretaria (entre Registro e Pariquera-Açu), o secretário anunciará detalhes da linha de financiamento aos produtores.
A par dessas iniciativas, o quadro real do problema na região só será conhecido dentro de aproximadamente 15 dias, para quando está prevista a conclusão de um levantamento completo, realizado por técnicos da secretaria.
Até a semana passada, já estavam confirmados 21 casos da sigatoka negra nos municípios de Miracatu, Cajati, Juquiá, Registro, Pariquera-Açu e Sete Barras. Ontem, análises feitas pelo Instituto Biológico do Estado confirmaram cinco ocorrências em Jacupiranga, uma em Pedro de Toledo e três em Itariri, onde um dos bananais atingidos fica na divisa com Peruíbe.
Com isso, o avanço da doença parece inevitável, mas especialistas ainda acreditam que o fungo poderá apresentar um comportamento menos devastador no Vale do Ribeira que o apresentado em regiões de clima mais típico, como o Amazonas.
Originária das Ilhas Filipinas, a praga poderá ser afetada pelo clima mais frio da região. ‘‘Só conheceremos o comportamento do fungo no Vale do Ribeira quando a temperatura aumentar e o clima se aproximar de locais onde a doença é comum, como a Costa Rica’’, afirma o diretor do Escritório de Defesa do Agronegócio, localizado em Registro, Gilmar Gilberto Alves.
Área limpa
De acordo com Gilmar Alves, só após essa avaliação será possível definir uma forma de combate químico à sigatoka negra. —Por enquanto, o trabalho está concentrado na eliminação de bananais abandonados, que são potenciais focos da doença—.
Para o especialista, o levantamento realizado pela Secretaria de Agricultura no Vale do Ribeira e no Planalto será determinante para o futuro da bananicultura no Estado. A expectativa é que o estudo aponte áreas livres da sigatoka negra em São Paulo.
Com o surgimento de focos da doença no Estado, o Rio de Janeiro e Minas Gerais proibiram a entrada da banana paulista em seus territórios. A chegada da doença — que destrói as folhas e impede a planta de realizar a fotossíntese — põe em risco toda a economia do Vale do Ribeira. A produção da fruta é responsável por 85% do capital na região e 40 mil empregos diretos.