Após marcha, indígenas protestam contra Petrobras na Bolívia
2004-07-14
Após 40 dias de caminhada desde a região do Chaco (sul), cerca de cem camponeses indígenas protestaram ontem em La Paz para exigir a anulação dos contratos de concessão da Petrobras Bolívia em San Alberto, uma das maiores reservas de gás natural do país. Neste domingo, haverá um referendo sobre a exploração e a comercialização do produto. A manifestação de ontem (13/07) faz parte de uma série de protestos organizados por líderes indígenas, como o aimará Felipe Quispe, e por centrais sindicais contra a realização do referendo. Eles prometem invadir locais de votação e queimar as urnas. Para eles, o referendo não inclui a pergunta sobre a nacionalização das empresas estrangeiras que atuam na Bolívia --a Petrobras é a maior delas, com um total de US$ 1,5 bilhão de investimentos e 800 funcionários. O presidente Carlos Mesa rechaça discutir a nacionalização das empresas e diz que os contratos vigentes não serão revistos. A consulta de domingo preocupa o Brasil. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Santa Cruz de la Sierra para demonstrar apoio a Mesa. — Foi a visita de um neoliberal para apoiar outro neoliberal, disse o sindicalista Roberto de la Cruz, um dos principais líderes dos protestos contra a política de gás que levaram à renúncia do então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, em outubro. Seu vice, Mesa, assumiu no lugar. Procurada para comentar o referendo, a Petrobras informou que não se pronuncia sobre temas políticos e que respeitará qualquer decisão da consulta. (FSP 14/07)