Divulgação é uma das armas contra o mineral assassino
2004-07-14
— Eles vieram aqui e disseram que ninguém ganha dos advogados deles, que a gente não tem nenhuma chance de vencer essa briga. Será que é verdade?, indaga Sebastião, ex-funcionário da Eternit, e um dos 2.500 subscritores da ação civil pública contra a empresa. Com o pulmão comprometido pelo câncer e pela asbestose seu medo é morrer antes de ver a justica feita. Desde 1996 a ABREA tem diversas ações ajuizadas contra empresas que expuseram os seus trabalhadores ao amianto, mesmo sabendo dos males causados. Até hoje, nenhum processo foi finalizado. — Na verdade estas ações todas não têm resolvido uma situação concreta: o abandono das vítimas, que continuam desassistidas em todos os sentidos, inclusive no atendimento à sua saúde, reclama Fernanda Giannasi, que é vista como uma espécie de bastiao da esperanca dos afetados pelo amianto.
Após 20 anos dedicada à questao, Fernanda se tornou uma autoridade no assunto. Engenheira civil por formacao, ela enfrentou o problema desde os primeiros dias como fiscal do Ministério do Trabalho em Sao Paulo. Além da justica, Fernanda também tem se esforcado para divulgar a luta contra o amianto. — O que pretendemos com nosso trabalho é dar visibilidade para o problema, alimentar a opinião pública para que ela nos ajude a criar massa crítica que pressione nossos governantes e políticos a tomarem uma decisão que ponha fim a este flagelo, explica ela.
No próximo fim de semana uma equipe de TV francesa vem ao Brasil para entrevistá-la. Também visitarao fábricas que usam amianto além da mina em Minaçu, Goias. O material recolhido aqui fará parte de um documentário, compararando a situação no Brasil, Canadá e França. — Espero que as matrizes destas empresas se sintam constrangidas e compelidas a assumirem de vez sua responsabilidade social, diz.